Empurra-empurra

Agentes penitenciários protestam contra transferência de presos

A transferência de 1.200 presos das delegacias para penitenciárias de Piraquara trouxe reflexos além das manifestações de policiais civis e agentes penitenciários. Possivelmente temendo a superlotação e a reação dos presos, o diretor da Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP II), Jaycler Marques Silva, pode pedir seu afastamento do cargo. Com ele deve sair também o chefe de segurança da unidade, Geraldo Adrianczyk.

Por enquanto, a informação é extraoficial, já que nenhum dos dois funcionários comunicou oficialmente a Secretaria de Justiça (Seju). O Paraná Online conversou por telefone com Geraldo, que não quis detalhar o porquê do pedido de afastamento, afirmando ser motivos pessoais. No entanto, o comentário entre agentes penitenciários é que diretores de unidades não concordaram em abrigar mais 1.200 presos, já que, segundo os agentes, não há espaço nem agentes suficientes para cuidar de tanta gente.

A PEP II abriga hoje cerca de mil presos, no limite da sua lotação. A Seju divulgou dados de terça-feira (13) à tarde, que a unidade ainda tinha 12 vagas disponíveis. A PEP I tinha 102 vagas e a Colônia Penal Agroindustrial outras 168 vagas abertas. Desde dezembro, houve seis mudanças de diretores em presídios de todo o Paraná.

Manifestação

Mais 52 presos foram transferidos, ontem, das carceragens de Curitiba e região metropolitana e litoral para o complexo penal de Piraquara. A ação dá continuidade à determinação do governador Beto Richa de transferir 1.200 presos das cadeias para o sistema penitenciário do Estado, em 60 dias. No dia anterior, mais 52 foram transferidos.

Contra as transferências, os agentes fizeram um protesto das 8h às 11h de quarta-feira (14), trancando a entrada do Complexo Penitenciário. Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindarspen), Antony Johnson, a superlotação nas cadeias vai resultar na precarização dos serviços e na insatisfação dos presos, que podem se rebelar e atentar contra a vida dos agentes. “É uma atitude irresponsável. A PCE, por exemplo, deve ultrapassar dois mil detentos e vamos lidar com um perigo não só para os agentes, mas para a sociedade”, disse.

“A gente sabe que os presos vão reclamar e as facções vão se desentender. Estão dizendo que os agentes penitenciários estão de má vontade, mas só estamos avisando que vai dar problema. Mandamos ofício para diversos setores, inclusive o Depen, dizendo que se uma tragédia acontecer, a culpa é da Seju e do governador”, desabafou Antony Johnson.

O sindicalista diz que a categoria vai trabalhar para ver como será a absorção de presos nos presídios. Assembléia da categoria pode ser convocada para discutir que medidas vão tomar, não descartando paralisação geral. Johnson ainda disse que, para o fim do mês, vai convocar uma audiência pública na Assembléia Legislativa, para discutir a superlotação carcerária.