O agente de cadeia pública Ildefonso Emerson Nascimento de Mira, 43 anos, suspeito de ter permitido a entrada de uma arma na cadeia de Pinhais, foi preso por policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). O revólver calibre 38 foi usado pelos presos para render outro agente, na ação que resultou em fuga e rebelião, na quinta-feira (09) da semana passada.
O agente nega que tenha colocado a arma nas mãos dos presos, sob alegação que está sendo perseguido por eles. “Isso é retaliação de preso. Eu não estava mais lá, fazia 20 dias que tinha saído da delegacia”, se defende Ildefonso. Porém, o delegado Fábio Amaro disse ter pedido o afastamento de Ildefonso 15 dias antes da fuga. “Ele é um bandido disfarçado de servidor público. Foi afastado pelo comportamento não adequado”, diz Fábio Amaro.
Preço
De acordo com o delegado, o agente teria passado duas armas para os presos, ao preço de R$ 500 cada uma. O revólver calibre 38 foi recuperado no mesmo dia da fuga. “A pistola, calibre 6.35, está com outro foragido, Valcir Cunha, que foi quem atirou em Urubatan”, conta Fábio. O investigador Urubatan Gonçalves já está fora de perigo, mas o superintendente Osmair José Pereira da Silva, 48 anos, ainda está na UTI do Hospital do Trabalhador.
O agente de cadeia pública deve responder por facilitação de fuga, latrocínio e homicídio tentados, de acordo com Fábio Amaro. O delegado explica que o preso ficará em cela separada por ser servidor público. Com Ildefonso, os policiais encontraram um revólver calibre 38 com numeração raspada, colete balístico, cartuchos calibre 12, dois aparelhos de choque, um par de algemas e um spray de pimenta.
Caótico
A cadeia de Pinhais está com 80 presos, mas o delegado Fábio Amaro teme que, em um mês, o número supere os 100 detentos novamente. No dia da fuga, a delegacia abrigava 108 presos para um espaço que pode receber 16. “Continuamos a receber presos, estamos com 80 hoje, que dá um refresco. Mas em 30, 40 dias podemos ter 110 de novo se alguma medida rigorosa não for tomada para retirar os presos da carceragem”.
Desrespeito no currículo
Ildefonso tinha um histórico de indisciplina. No ano passado, enquanto ainda era auxiliar de carceragem, ligado à Secretaria de Segurança Pública, por contrato temporário, foi aberta sindicância contra ele, em maio do ano passado. Ildefonso foi acusado de desrespeito com os colegas e faltas constantes ao serviço. No transcorrer da sindicância, ele rompeu o contrato de trabalho. Em janeiro, Ildefonso passou no Processo de Seleção Simplificado para agente de cadeia pública, agora ligado à Secretaria de Justiça.
Guarda
O detido ocupava outro cargo público, o de guarda municipal de Mandirituba. No entanto, alguns editais disponíveis na internet mostram que ele se inscreveu também para as Guardas Municipais de Colombo (chegou a ser convocado para o exame de aptidão física), de Pinhais e de Campo Largo.
Mentor
O delegado Fábio Amaro constatou, pelos depoimentos de outros presos, que foi o detento Murilo da Silveira Amorim, 22 anos, detido por tráfico, quem recebeu a arma de Ildefonso. Segundo os presos, Murilo andava com o revólver calibre 38 na cintura, dentro da cadeia. Diante das informações, o delegado supõe que Murilo articulou a fuga. Ele foi baleado e permanece internado em estado grave na UTI do Hospital Cajuru, sob escolta da Polícia Militar.
Confira no vídeo os detalhes do caso.