O advogado Jaminus Quedaros Aquino, 59, preso nesta quinta (3), em Curitiba, comprou um carro novo para usar numa espécie de armadilha contra a ex-companheira Suellen Helena Rodrigues, 29, morta quando tentava deixar os dois filhos, de 7 e 10 anos, na escola. Ele ficou esperando por cerca de 40 minutos dentro do veículo, que a vítima desconhecia, até que ela se aproximou o bastante com as crianças para ser surpreendida e abordada. Segundo familiar, o crime teria sido motivado por uma vingança envolvendo o neto de Aquino.
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De acordo com fontes da reportagem, cujas informações foram confirmadas pelos advogados do investigado e da família da vítima, no dia 29 do mês passado, Jaminus saiu de Prudentópolis e foi até o município de Guarapuava. Lá ele comprou o carro usado na ação criminosa, um Cruze branco. No dia 31, ele seguiu para a capital paranaense e foi até à escola onde os filhos começariam a estudar. No local, ele matou Suellen com cinco tiros na frente dos filhos do casal.
“Assim que saiu a notícia do carro que ele usou para matar a Suellen, nós recebemos uma informação de uma pessoa que afirmou que ele comprou esse carro na sexta-feira, em uma revendedora de veículos que fica no centro de Guarapuava. Outras informações sobre a localização dele também chegaram pra gente”, afirmou o advogado da família de Suellen, Jackson Bahls.
O ex-policial civil fugiu após o crime para a casa de um cliente que tem em Curitiba. Ele ficou na casa desse homem – que ainda não foi identificado pela Polícia Civil – até a madrugada de terça-feira. Pela manhã, ele chegou a cidade de Guamiranga, onde buscou abrigo em uma comunidade de ciganos. Com ajuda de algumas pessoas ligadas a esse grupo, abandonou o carro em uma estrada e ficou isolado até a polícia descobrir onde ele estava.
Jaminus escapou antes de ser preso e, usando outro carro, foi até um hotel de Ponta Grossa, onde ficou escondido. Ele fez contato com uma colega advogada que o ajudou a contratar outros dois profissionais que passaram a atuar em sua defesa.
De acordo com o advogado Tainan Felix Laskos, encarregado da defesa de Aquino, ele foi orientado a permanecer calado e só deve falar diante de um juiz e se limitou a dizer que o caso será acompanhado pela equipe. “Vamos acompanhar todo o processo dele. Nós não sabemos por onde ele andou esses dias”, disse.
Qual foi a motivação do crime?
De acordo com familiares, Jaminus agiu por mais de uma motivação. Entre as questões estavam o fato da mulher querer distância dele e ele não aceitar desfazer o casamento e a questão que ele tem a guarda de um dos netos, que morava com o casal, situação que não seria aceita por Suellen. O casal estaria brigando muito porque os cuidados com a criança estariam sendo feitos apenas pelo advogado e policial civil aposentado.
“Ele disse que um dos motivos de tantas brigas era por causa do neto dele, de 1 ano e 9 meses, que ele tinha a guarda. O menino tem síndrome de dowm e recentemente passou por uma cirurgia no coração. Ele disse que Suellen não aceitava muito bem a criança”, afirmou um primo de Jaminus, que não quis ser identificado.
O advogado da família da vítima, no entanto, diz que Suellen sempre tratou a criança como um filho. “Essa informação não é verdadeira. Suellen, assim como os familiares dela, sempre trataram o menino bem, como filho”, afirmou Jackson Bahls à reportagem.
“ELE VAI FAZER ALGO PRA MIM, EU SINTO”
Dias antes de morrer, a autônoma da área de estética procurou uma advogada na cidade para ajudar a se proteger do ex. Em uma conversa, ela chegou a dizer que sentia que algo de ruim estaria bem próximo de acontecer. “Ele não tem medo de nada e não vai parar, não adianta. Ele tá muito transtornado. Ele vai fazer algo pra mim, eu sinto isso, dra”, contou a jovem em uma troca de mensagens de texto.
Jaminus começou a perseguir Suellen na região depois que ela saiu de casa, no último dia 17. Em várias mensagens, ela dizia que precisava fugir da cidade e implorou por socorro.
“A Suellen vivia em um relacionamento abusivo há muito tempo. Quando ela decidiu pôr fim nisso, ele não aceitava. Perseguia ela sempre. Até que ela conseguiu a medida protetiva e foi embora da cidade. Ele, como um ex-policial experiente, não teve muita dificuldade para achar ela e cometeu essa covardia”, disse o advogado da família Jackson Bahls.
O irmão de Jaminus, Apgaua de Aquino, afirmou que espera que ele pague pelo crime que cometeu. “A gente ficou surpreso com o que ele fez. Não aceitamos isso e ele errou. Agora ele tem que ser responsabilizar pelo erro dele. Nós estamos muito tristes com isso tudo”.