Cansados de aguardar o atendimento da Polícia Militar, comerciantes e trabalhadores tiveram de tomar uma atitude extrema na manhã de sexta-feira (04), após um homem furtar um notebook em uma loja de doces no Batel. Ele foi amarrado em uma árvore, onde passou mais de quarenta minutos até a chegada dos policiais. A situação foi bem diferente da que ocorreu no Bacacheri, no começo dessa semana, quando um policial disse estar em perigo e, em poucos minutos, mais de 10 viaturas chegaram ao local.
A funcionária do estabelecimento, que preferiu não ser identificada, conta que chegou ao trabalho por volta das 9h e o homem estava sentado na calçada em frente à loja, na Rua Ângelo Sampaio. “Não me importei, porque sempre tem moradores de rua por aqui”, disse. Por volta das 11h, ele pediu algo para comer e a funcionária respondeu que não tinha nada que pudesse ceder, então pediu um copo de água. “Fiquei conversando com o homem e ele disse que não queria fazer mal pra mim. Depois jogou o copo e puxou o notebook, que estava em cima do balcão”.
A mulher saiu atrás do ladrão, que colocou o notebook dentro da blusa e preparava-se para fugir em uma bicicleta. “Como eu vi que ele não estava armado, puxei o notebook e gritei: pega que ele tá roubando”, relata. Trabalhadores que almoçavam em um bar próximo à loja saíram em defesa da funcionária. Segundo ela, os homens seguraram o bandido por volta de 20 minutos. “Eles disseram que tinham que ir embora, por isso iriam amarrá-lo. Nesse tempo liguei umas três vezes para a polícia”, disse a funcionária.
Árvore
O marginal foi amarrado numa árvore, onde ficou por mais 40 minutos, mas não chegou a sofrer nenhum tipo de agressão. “Se não tivessem amarrado, ele ia fugir com certeza e ia fazer a mesma coisa com outras pessoas”, afirma. Ela disse ainda que outros comerciantes comentaram que ele já tinha praticado assaltos na região.
De acordo com o superintendente do 2º Distrito Policial, Eliott de Souza Cabral, o suspeito, identificado como Mayko Leonel Antonio Solinzues Dittrich, 40 anos, já tinha passagem por furto e estava em liberdade por força de um alvará de soltura. Ele ainda contou que Mayko estava sob efeito de drogas.
Elliot afirma que frequentemente as pessoas vêm tentando resolver os problemas sem a presença de uma autoridade policial, mas explica que a prática não é orientada, uma vez que os “justiceiros” podem ser responsabilizados pelas consequências de suas atitudes. “Isso não é aconselhado.
O procedimento correto é acionar a polícia ostensiva (Polícia Militar) para que tire das ruas e encaminhe para a polícia Judiciária (Polícia Civil), para que sejam feitos procedimentos de flagrante e abertura de inquérito policial”, declara. Mayko responderá por mais um crime de furto e ficará preso até decisão judicial.
Reação na ‘pancada’
A reação de populares a outra situação de roubo, também ocorrida no Batel, foi mais agressiva da que os trabalhadores que prenderam o ladrão de notebook na árvore. Segundo testemunhas, por volta das 14h, um bandido tentou tirar a bolsa de uma mulher na Rua Desembargador Motta, mas ela resistiu. Ele ainda tentou pegar o celular dela, mas como ela reagiu pela segunda vez, acabou quebrando o dedo da jovem.
O marginal tentou se esconder em uma clínica médica, mas foi alcançado por trabalhadores e pessoas que passavam pelo local, e levou chutes e socos. Ainda segundo testemunhas, ninguém tentou impedir o linchamento. O Siate e a PM foram chamados para atender a ocorrência, mas o bandido não precisou ser levado ao hospital. Também não foi levado a nenhuma delegacia, já que ninguém quis dar queixa contra o ladrão.