Uma história contada nas páginas dos livros que virou eternidade. Há quatro anos, foi fundada a Academia de Letras dos Militares Estaduais do Paraná (Almepar), um seleto grupo de profissionais da ativa ou da reserva, praças ou oficiais, com obras publicadas na área da segurança pública, história ou literária. Coronel Dulcídio, Capitão Busse, Coronel Sarmento e outros expoentes que foram importantes para a corporação são patronos dos donos das cadeiras.
A Academia foi fundada no dia 28 de agosto de 2018, com o objetivo de mostrar para a comunidade paranaense que o policial ou bombeiro tem talento literário como qualquer outra pessoa dedicada. Entre as atribuições da Academia, cultivar as relações entre os escritores, estimulando o intercâmbio de informações na área da Segurança Pública, da História da Polícia Militar (PM) e Corpo de Bombeiros Militar, assim como da Literatura em Geral; cooperar com os órgãos de classe e entidades, e constituir foros de estudo.
Cadeiras na academia
Atualmente, são 21 pessoas que tem a honra de ter a sua cadeira, e a opção de escolher o patrono. O Major João Carlos Toledo Júnior, membro fundador efetivo e atual secretário da diretoria, é autor dos livros “A participação da Polícia Militar do Paraná nos Conflitos Bélicos: Da Guerra do Paraguai ao Contestado” e “A Trajetória dos 90 Anos da Polícia Militar”, a Academia tem auxiliado a transformar o pensamento de algumas pessoas que imaginam que o policial só sabe agir conforme suas atribuições.
“Isso é normal, a relação que se faz é essa, mas estamos mudando essa realidade. Os livros, as histórias de grandes personagens da corporação não foram contadas na escola. Você sabia que Coronel Dulcídio participou do ato que simbolizou a Proclamação da República, e assinou um pacto de sangue. O Paraná esteve em um dia histórico, algo pouco divulgado”, disse major Toledo.
Para estar no seleto grupo, a definição ocorre anualmente. É aberto um processo seletivo com requisitos como obra publicada e currículo. “Os militares do Paraná se inscrevem, mandando a documentação, e o presidente define uma comissão, onde ocorre o primeiro crivo. Marca-se uma sessão eleitoral secreta, o secretário prepara uma cédula, e o voto é todo secreto. Posse sempre em agosto, mês da nossa fundação”, comentou Toledo, dono da cadeira 12.
Uma das últimas a entrar na Academia de Letras dos Militares Estaduais do Paraná, foi a capitã Caroline Rodrigues, única mulher que faz parte da equipe, e segunda no Brasil.
“Eu não tinha essa concepção de ser a primeira mulher a entrar da Academia, o objetivo sempre foi levar à frente a informação cientifica. Eu fiquei surpresa quando veio a confirmação, e que isso estimule mais mulheres da segurança pública a produzir. No primeiro momento, o sentimento foi de ter a participação dos meus pais, meu avô foi policial militar. O gosto de estudar, leitura e escrever sempre foi a base deles. Agora temos as missões de levar o interesse para os outros”, relatou a capitã que é dona da cadeira 7, e autora da obra Suicídio Policial, Compreender para Prevenir.
Patronos
Todo confrade define um patrono, uma forma de homenagem. A cadeira número 1 pertence ao coronel da PM Antônio Celso Mendes, que tem como patrono o coronel Cândido Dulcídio Pereira. Outro exemplo bacana é do coronel da PM, Elio de Oliveira Manoel, que tem como patrono o capitão João Busse, o primeiro aviador profissional do Paraná. A vida do capitão João Busse (1886-1921) foi dedicada ao Regimento de Segurança, a atual Polícia Militar do Estado do Paraná, antes de se encantar pela aviação. Após conhecer o tenente Ricardo João Kirk, piloto de um aeroplano durante a campanha do Contestado, o capitão Busse começou uma campanha para criar uma escola de pilotagem em Curitiba. Posteriormente, ganhou fama nacional com o apelido de Acrobata do Espaço.
A sede da Almepar fica localizada no bairro Rebouças, em Curitiba. O local está passando por melhorias, e logo vai abrigar relíquias da Polícia Militar.