“Merecia um bolo para toda a rua. Sou morador aqui há 40 anos, e foi primeira vez que podaram e cortaram a grama do bosque, e até da frente de casa. Graças à Tribuna do Paraná”, desabafou o aposentado Adilson Afonso Cortes, já cansado de reclamar das condições do local, em relato feito após a limpeza realizada pela prefeitura de Curitiba, na última quinta-feira (3), no Bosque Gutierrez, no bairro Vista Alegre. Veja fotos abaixo, com flagrantes das situações que são alvo das queixas dos moradores.
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A história do Bosque Gutierrez, começou em 12 de setembro de 1986. Quem passeia pelo local encontra trilhas de observação e muitas árvores nativas. Além disso, histórias e lendas são contadas pelos moradores, como a do tesouro escondido pelo famoso pirata Zulmiro em um dos túneis que ficava
na chácara da família Gutierrez – que doou parte do local para a prefeitura.
Antes dos Gutierrez, a chácara foi do comerciante Manoel Cunha e, anterior a ele, pertenceu a Amadeu Teixeira Pinto, o primeiro a instalar luz elétrica no túnel para explorá-lo. Alguns acreditam que antes dele, no local funcionava um asilo para leprosos e que eles teriam construído o túnel.
Abandono
Apesar de toda a importância histórica e das belas atrações naturais que os frequentadores podem encontrar, o bosque estava abandonado, segundo os moradores das ruas Albino Raschendorfer e Rua Gaspar Carrilho Jr, que são as vias de acesso ao Bosque.
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“Está bem abandonado e, de um tempo para cá, está pior. Moradores em situação de rua fazem fogueiras dentro do bosque, e isso é um perigo. É um ponto de uso e venda de drogas e dependendo do horário, não passo ali, pois é inseguro. A vegetação impede uma boa visão. Já teve até casos de carros de funerária que jogaram coroas no bosque”, disse Tainá Alcantara Martins, 31 anos, analista de exames internacionais de inglês.
Lugar mal-assombrado
O Bosque Gutierrez ganhou fama de mal-assombrado durante a noite. Com trilhas, dois pequenos lagos e baixa iluminação, o espaço que poderia ser melhor aproveitado pelas famílias, se tornou ponto de reclamação.
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“Fizemos reclamação, abaixo-assinado e nada. Está um lixão, não tem cerca, todos passam. As calçadas também estão destruídas e a iluminação é péssima. Está feio, não é da boca para fora. Querem inaugurar a praça com o mirante aqui perto, mas o bosque está abandonado. Parece algo mal assombrado, dentro Bosque tinha uma casa reproduzida em homenagem ao Chico Mendes. Atearam fogo”, reforçou o psicólogo Renato Moretto Maccarini.
As reclamações dos moradores vêm de longa data. Mas vale reforçar que a limpeza no bosque e poda de um cedro enorme foram feitas na primeira semana de agosto.
Bica e ‘ducha ao ar livre’
Para alguns curitibanos, a maior parte da água consumida em suas residências vem de bicas, principalmente das espalhadas pelos parques da cidade. Quem consome, garante que a água é de boa qualidade e não teme qualquer tipo de contaminação.
No Bosque Gutierrez, várias pessoas pegam água, mesmo com a sinalização de placas que informam: “Água imprópria pra consumo”. Além disso, moradores em situação de rua tomam banho nas bicas. “Eles tomam banho pelados, na frente das residências. As vizinhas não podem abrir a janela que irão encontrar homens ali na frente. Não tem Guarda aqui, quando aparecem, eles param a viatura e não entram no bosque. Estamos completamente abandonados”, completou o aposentado Adilson.
E aí, prefeitura?
Em nota, a prefeitura informou que equipes fazem a limpeza diariamente do Bosque Gutierrez, sendo que a roçada é feita a cada 25 dias. “A Secretaria Municipal do Meio Ambiente fez uma licitação e já escolheu a empresa que vai fazer as obras de requalificação de todo o Bosque Gutierrez e da praça que fica ao lado. As obras devem começar em 60 dias e os investimentos serão de R$ 3,3 milhões. Todas as trilhas serão reformadas com um piso mais adequado para melhorias de acessibilidade. A cascata do Memorial Chico Mendes será revitalizada”, comunicou a prefeitura. A cascata está desativada desde 2014.
Ainda na nota, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, reforçou que a água consumida na bica no Bosque Gutierrez não é para o consumo das pessoas. “As fontes e as características atuais serão mantidas, mas não será permitido o acesso das pessoas. A água no local não é própria para o consumo e placas alertam sobre essa proibição. No ano passado, a prefeitura de Curitiba também melhorou toda a iluminação da área esportiva do bosque. Foram substituídos os equipamentos existentes por quatro postes de concreto de 12 metros com três refletores LED 200W (luz branca) cada, totalizando 12 novos refletores. Foi instalado ainda um superposte com quatro projetores LED de 90W (luz branca) e duas luminárias decorativas de 60W LED em postes decorativos de 6 metros”, comunicou a prefeitura.
E os moradores em situação de rua?
Em contato com a reportagem da Tribuna do Paraná, a Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), informou que realiza busca ativa de pessoas em situação de rua, 24 horas por dia, em toda a cidade. No caso do Bosque Gutierrez, o atendimento é feito pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) Santa Felicidade e pela Central de Encaminhamento Social (CES).
Esse ano, foram registrados dois protocolos que tratavam de pessoas em situação de rua no Bosque. “Um em 09 de janeiro e outro em 11 de maio. Nos dois casos, as equipes da FAS estiveram no bosque, mas não havia mais ninguém no local”, completou a prefeitura.
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