A médica agredida verbalmente e fisicamente pela acompanhante de uma paciente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Pinheirinho, em Curitiba, será transferida para trabalhar em outro local, após decisão da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). De acordo com a secretária Márcia Huçulak, a médica também foi dispensada do plantão desta segunda-feira (31) para que se recupere emocionalmente. O caso ocorreu na madrugada do último domingo (30).
De acordo com a prefeitura, próximo das 5h30 deste domingo, médica orientou a família do paciente que aguardasse na sala de espera enquanto faria o atendimento das pessoas que ali estavam presentes. O protocolo da SMS orienta que os acompanhantes não podem acompanhar a consulta em virtude da pandemia da Covid-19. Conforme os relatos, as agressões começaram quando a acompanhante se negou a respeitar o protocolo.
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“Ela foi junto com o paciente para ser medicada e estava sem máscara. Eu pedi para ele colocar a máscara e pedi para ela aguardar lá fora. Ela já se exaltou e deu três passos para o lado, mas não foi para a sala de espera. Eu solicitei mais uma vez, falei que ela precisaria aguardar lá fora e que precisaria chamar a Guarda Municipal. Ela se exaltou completamente começou a fazer gestos, me ameaçar verbalmente e vir pra cima de mim”, disse a médica ao jornal Meio Dia Paraná, da RPC.
Ainda segundo a profissional, foram dados “muitos socos na cabeça, puxando o cabelo, arranhando o rosto” e, nisso, ela caiu no chão. “Já tinha pedido um grito de socorro, não tinha vindo ninguém ainda. No segundo grito de socorro, começou a vir a equipe dos próprios funcionários da UPA, e os próprios pacientes que estavam sendo ali medicados, pra separar a briga. Até essas pessoas chegarem ela não parou de me bater, por nem um minuto, e eu não consegui me defender. Eu estava entre dois computadores e encurralada na parede. Não tinha para onde ir”, contou ela.
Sobre o caso, a secretária de Saúde disse que nada justifica a violência e confirmou o afastamento temporário da profissional, até que se recupere. “Realmente, a pessoa fica muito abalada, inclusive emocionalmente, psicologicamente. Ela teria plantão hoje e não vai fazer. Então, assim, é mais prejuízo ainda ao atendimento da população. A gente vai transferi-la, a pedido dela. A gente entende que, realmente, fica muito difícil para a pessoa que sofreu tamanha violência”, destacou a Márcia Huçulak, ao Meio Dia Paraná.
A respeito da segurança nas UPAs, a SMS informou que há a atuação da Guarda Municipal e que há ronda com veículo. “Além do Guarda lá dentro, tem carro frequentemente na porta das unidades. Agora, é um momento muito rápido, porque dentro do consultório, mesmo que eu tivesse dez guardas dentro da unidade, você tem a privacidade do atendimento naquele momento da consulta. O profissional está sozinho com o paciente. E foi nesse momento que a violência ocorreu. A gente sabe que está muito difícil para todo mundo, mas nada justifica a violência, nada”, finalizou a secretária.
Em nota, a prefeitura já havia lamentado o ocorrido e solicitou reforço da Guarda Municipal nas UPAs de Curitiba, junto com um apelo para que a população respeite os profissionais que atuam no combate à pandemia. “A Secretaria Municipal da Saúde lamenta profundamente, que neste momento atual da pandemia, após trabalhar incansavelmente durante todo esse período, os profissionais de saúde estejam sendo atacados e sendo vítimas de agressão, por parte da população. A profissional foi agredida no exercício de sua função, sem nada que houvesse justificativa para tamanha violência. A Secretaria Municipal da Saúde faz um apelo à população para que respeite os profissionais que trabalham no enfrentamento dessa grave crise”, disse em nota.