Durante operação de fiscalização realizada no mês de novembro, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apreendeu cerca de nove mil garrafas fraudadas de azeite de oliva que estavam em uma rede de supermercados, nos municípios de Paranaguá e Guaratuba, no Litoral do Paraná. A apreensão aconteceu após o Laboratório de Ressonância Magnética Nuclear (LabRMN) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) analisar amostras e constatar a adulteração do produto.
O item, que foi identificado como azeite de oliva extravirgem de origem espanhola, levantou suspeita de fraude durante a fiscalização, pois havia dois tipos de cápsulas de fechamento das garrafas apreendidas. Além disso, as caixas onde elas estavam acondicionadas apresentavam inscrições em português sem qualquer identificação do produto espanhol. Também foram encontradas caixas que, aparentemente, eram utilizadas pelos fornecedores das garrafas vazias, utilizadas para embalar o azeite adulterado.
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Esses indicativos chamaram a atenção da equipe do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (SIPOV), da Superintendência de Agricultura e Pecuária do Paraná (SFA-PR), que apreendeu preventivamente toda a mercadoria e coletou amostras para enviar ao LabRMN, da UFPR, e ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás (LFDA-GO) para análises laboratoriais físico-químicas que pudessem confirmar a qualidade do produto.
Na UFPR, as amostras foram analisadas pela técnica de espectroscopia de ressonância magnética nuclear, que possui capacidade de identificar a composição de óleos vegetais, incluindo o azeite. Os testes foram conduzidos diretamente nas amostras do produto coletado, demandando apenas alguns segundos para conclusão da análise. A conclusão apontou que o produto não era azeite de oliva e que o óleo utilizado na fraude era, na verdade, óleo de soja.
O laudo também mostrou que as duas amostras com cápsulas de fechamento de garrafas diferentes possuem perfil espectral idênticos, indicando que ambas apresentavam a mesma origem.
Azeites adulterados custavam R$ 29,99 no Paraná
O LabRM tem desempenhado um papel fundamental, desde 2008, em investigações forenses, estabelecendo parcerias sólidas com a Polícia Federal e a Polícia Científica do Paraná para a condução de análises. Agora, o laboratório está iniciando uma parceria estratégica com o Mapa, visando a utilização da técnica de RMN no combate a alimentos falsificados. Essa iniciativa tem o propósito de contribuir ativamente para a proteção do consumidor, prevenindo possíveis prejuízos financeiros, bem como a segurança alimentar ao garantir a autenticidade dos alimentos e derivados.
Segundo o coordenador do LabRMN da UFPR, Andersson Barison, graças à eficiência e potencial da técnica, torna-se possível analisar uma considerável quantidade de amostras, desempenhando um papel crucial no combate à disseminação de produtos falsificados. “A rapidez do processo não apenas otimiza a análise, mas também contribui significativamente para preservar a autenticidade e qualidade dos produtos de azeite”, explica.
Para o chefe de Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (SIPOV/PR), Fernando Augusto Mendes, essa ação gera um resultado positivo para a sociedade, na medida que retira do comércio um produto fraudado elaborado em condições higiênico-sanitárias desconhecidas, sem rastreabilidade e que, seguramente, representa grave risco a saúde dos consumidores.
“Também traz um efeito positivo para o mercado ao inibir práticas desleais no comércio de alimentos. No caso do azeite de oliva, devido aos altos valores envolvidos, esse é um ponto crítico para o setor”, afirma Fernando.
Os azeites estavam sendo vendidos por R$ 29,99 a unidade, totalizando um valor de quase R$ 300 mil de produtos retirados do mercado em uma única rede de supermercado.