No radar da prefeitura de Curitiba estão várias questões sobre o rumo do trânsito de Curitiba. Enquanto o Ippuc se ocupa com o planejamento a médio e longo prazo, na busca por desatar alguns nós e voltar a inovar na gestão da circulação de pessoas – não só de veículos –, a Superintendência de Trânsito está mais voltada para decisões práticas e pontuais, na maioria das vezes negociadas e combinadas com as propostas do Ippuc.
Área Calma menor
Entre as mudanças previstas para logo está, por exemplo, o aumento na velocidade máxima em alguns pontos que tiveram redução recentemente. Um dos casos é a Área Calma, polígono formado pelas principais ruas e avenidas da região central de Curitiba, que teve o limite fixado em 40 km/h durante a gestão Gustavo Fruet. O assunto foi debatido na campanha eleitoral de 2016, com alguns candidatos prometendo rever a regra, inclusive Rafael Greca, que se elegeu prefeito.
O tema volta à tona agora. Mas se engana quem acha que o plano é acabar com a Área Calma ou aumentar drasticamente o limite de velocidade. A superintendente de Trânsito, Rosângela Battistella, explica que os dois primeiros anos de implantação serviram para analisar o que deu certo e o que deve ser repensado. Por isso, a prefeitura pretende “tirar” uma das ruas do polígono. A Inácio Lustosa, no trecho próximo ao Shopping Müeller, deve voltar em breve a ser de 50 km/h.
Rosângela explica que a avaliação é de que a velocidade mais baixa naquele ponto “atrapalha”, gerando outros problemas em cadeia e sem muitos efeitos práticos. Ela pondera que a retomada da velocidade mais alta deve ser acompanhada de algumas providências pontuais para resguardar os pedestres, principalmente no entorno do shopping. A mudança está prevista para o segundo semestre e também o radar de monitoramento pode ser deslocado. Assim, o polígono da Área Calma deve acabar na rua Paula Gomes.
Via Calma mais rápida
Outra mudança em estudo que tem relação com velocidade é a Via Calma, avenidas que tiveram espaços demarcados para compartilhamento entre veículos e bicicletas. É o caso da avenida Sete de Setembro, que teve o limite estabelecido em até 30 km/h. Agora a prefeitura avalia a possibilidade de aumentar o máximo para 40 km/h. De acordo com Rosângela, o limite ainda estaria dentro dos padrões aceitáveis para o compartilhamento de espaços com ciclistas. Ela também explica que o padrão de 30 km/h é previsto no Código de Trânsito para a frente de escolas, por exemplo, e incompatível com áreas centrais, de grande circulação de veículos.
Mais radares
Ainda sobre velocidade, em breve deve aumentar consideravelmente a quantidade de equipamentos monitorando a velocidade dos veículos em Curitiba. Está em andamento uma licitação para contratar os serviços de operação de 270 “pardares” – hoje são 230, crescimento de 17%. Com isso, o número de faixas de trânsito com velocidade controlada deve passar de 667 para 804.
Estar mais caro
Também está no horizonte da prefeitura a possibilidade de rever os preços do estacionamento regulamentado na área Central. Atualmente, uma cartela de Estar para uma hora custa R$ 2. Como forma de desestimular a parada de veículos na região mais conturbada da cidade uma das medidas estudadas é deixar os valores mais “salgados”. A superintendente de Trânsito comenta que, no passado, o valor cobrado era equivalente a uma tarifa de transporte coletivo, que hoje é de R$ 4,25.
Se a decisão for por voltar à equivalência, o reajuste seria superior a 100%. “A gente não quer proibir a circulação na região central, mas criar bolsões com diferentes valores de estacionamento. Hoje está a metade do preço da passagem do ônibus, o que acaba incentivando o uso do carro”, avalia Rosângela. Contudo, a implantação desse modelo com preços diferenciados ainda depende de uma série de fatores, com o funcionamento da cobrança eletrônica do Estar, projetada para daqui três anos.
Espaço exclusivo para motos
O motobox, projeto-piloto que foi instalado na Avenida Victor Ferreira do Amaral, nas proximidades do Detran, no Tarumã, pode ser espalhado para outras partes da cidade. Trata-se de um espaço destinado aos motociclistas, à frente dos demais veículos, na parada do semáforo, para permitir a saída mais rápida quando o sinal abrir. Segundo Rosângela, a estratégia está sendo bem avaliada e deve ser expandida para outros pontos, sendo inclusive ampliada para ciclistas. Os locais ainda estão sendo decididos.
Semáforos sincronizados
Para fechar a lista de mudanças previstas está a melhoria no sistema semafórico. Segundo a superintendente do Trânsito, estão sendo contratados equipamentos que permitirão a padronização – atualmente três tipos de controladores são usados e há, por isso, uma dificuldade técnica para conseguir sincronizar os aparelhos. A chamada onda verde, que permitiria seguir num fluxo contínuo e evitar o “segue-e-para” em cada semáforo é uma reivindicação frequente dos motoristas.
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