Prestígio merecido

1ª jornalista policial do Paraná integra Academia de Letras

Mara Cornelsen
Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Após mais de 35 anos atuando como jornalista, a curitibana Mara Cornelsen será a mais nova integrante da Academia Feminina de Letras do Paraná. Por unanimidade, ela foi escolhida para ocupar como membro titular a cadeira nº 39, que tem como patrona Pompília Lopes dos Santos, fundadora da Academia, e como primeira ocupante Lygia Lopes dos Santos. A jornalista será a segunda. “É uma cadeira que foi ocupada pela fundadora e pela filha dela. Cadeira muito importante, prestigiada e meu nome foi aprovado por unanimidade. Isso me deixou mais honrada e, principalmente, por eu ser jornalista, por levar o jornalismo para a Academia”, disse

Formada na Universidade Federal do Paraná (UFPR) Mara Cornelsen fez carreira como jornalista da área policial. Foi a primeira mulher repórter policial do estado, e trabalhou mais de 35 anos na Tribuna do Paraná. Cobriu diversos casos, fez grandes reportagens, estava sempre nas delegacias apurando informações, conversando com delegados e policiais, deu furos jornalísticos, foi referência para novos jornalistas que ingressavam na profissão. Depois de um tempo passou a escrever crônicas que eram publicadas pela Tribuna.

A Academia Feminina de Letras reúne mulheres escritoras, poetisas, produtoras culturais e não está vinculada a Academia Brasileira de Letras (ABL), cuja representação é feita pela Academia Paranaense de Letras (APL). A Academia Feminina surgiu em 1970 como uma estratégia dentro da APL que na época era constituída apenas por homens.

“Fiquei muito feliz e emocionada pelo reconhecimento do trabalho jornalístico, da escrita. Trabalhei por mais de 35 anos na Tribuna do Paraná, fazia só policial e depois comecei a fazer crônicas até para diversificar minha própria escrita. Conversei com o Rafael Tavares (diretor do jornal) e pedi esse espaço para fazer crônicas”, conta Mara Cornelsen. “Hoje essas crônicas estão compiladas e em breve vai sair o livro ‘Crônicas da Mara’. Já está na gráfica, mas o lançamento deve ser em 2025”, anuncia a jornalista. No blog https://www.maracornelsen.com/ é possível encontrar algumas crônicas.

Carreira no jornalismo

Em 2016, Mara Cornelsen recebeu o Prêmio Mulheres que Inspiram concedido pelo Instituto Qualicare. Em depoimento na ocasião, disse que começou como estagiária na reportagem geral no extinto jornal Diário do Paraná, e passou a cobrir a área policial para substituir um colega que queria tirar férias e pediu para ela assumir seu lugar. “Eu nunca tinha entrado em uma delegacia. Me enchi de coragem e comecei”, declarou.

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Nesse tempo trabalhou na cobertura do sequestro da filha de um empresário de Curitiba, e acompanhou de perto, “grudei nos delegados para ter informações”. Seu trabalho se destacou e começou a trabalhar na Tribuna.  Mara, inclusive, contou recentemente suas histórias no jornalismo policial no antigo prédio do IML.

“Fiz toda minha carreira na Tribuna do Paraná de 1980 até 2017, passei cinco anos na Gazeta do Povo, na editoria policial e voltei para a Tribuna. Fui repórter, editora, coordenadora. Gostava muito da área policial, não que eu não soubesse fazer outras coisas, fiz outras reportagens também”, lembra Mara Cornelsen. “O que me instigava era fazer um trabalho social. Tinha um contextualização da violência nos bairros. A Tribuna era muito popular, recebia muitas denúncias. O pessoal ia denunciar, pais levavam fotos de filhos que tinham fugido de casa, aquela coisa de adolescente. A gente publicava e encontrava”, conta.

“Ao mesmo tempo que é muito difícil conviver com a violência, quando conseguia resolver era muito gratificante. Cobri vários casos na Tribuna, como da menina Bruna, vendida para uma família de Israel. Foi achada por matérias minhas. A área policial tem os prós e os contras e agora vejo minha carreira coroada de forma muito gratificante, sou eternamente grata a Tribuna do Paraná e ao Paulo Pimentel (dono do jornal na época) que deixou uma mulher fazer policial” afirma.

“Meu sonho de menina era escrever livros. Quando criança, na minha cabeça de 10, 12 anos, achava que o jornalismo poderia abrir porta para literatura, e depois passei 10 anos escrevendo crônicas na Tribuna. Foi ralando muito para ter esse reconhecimento. Eu me sinto honrada, feliz com o fato do jornalismo ser reconhecido pela Academia, ainda mais em uma época que não se exige mais o diploma de jornalista. Significa muito e pode inspirar outras pessoas” declarou a jornalista.

A posse de Mara Cornelsen na Academia Feminina de Letras do Paraná está prevista para o dia 4 de abril de 2025, no Centro Paranaense Feminino de Cultura.

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