Os programas de produção agrícola incentivam e apóiam o aproveitamento racional e organizado de vazios urbanos com lavouras de subsistência. Hortaliças, plantas medicinais, milho, feijão e outros alimentos são cultivados, tanto para consumo das próprias famílias como para comercialização.
A maior parte da produção corresponde ao projeto Lavoura, que durante esse ano irá proporcionar às 531 famílias participantes uma renda per-capita de R$ 500,00. ?Atrás de toda essa produção existem objetivos muito mais amplos?, afirma o gerente de produção agrícola da Secretaria do Abastecimento, Edson Rivelino Pereira.
Já o programa Nosso Quintal é voltado para a produção de hortas em quintais de residências, escolas, hospitais ou clínicas e asilos. Além do incentivo ao cultivo de hortaliças, o programa também trabalha questões relacionadas a práticas pedagógicas, conceitos de educação alimentar e terapia ocupacional. ?O Nosso Quintal tem uma função maior que produção e renda. Ele é uma ferramenta de múltiplos fins?, afirma Pereira.
A Prefeitura fornece toda assistência necessária para implantação de hortas e pequenos plantios. Insumos, técnicas de preparo de solo e de plantio, avaliação prévia e acompanhamento da produção do local são as ferramentas oferecidas no começo do programa. Cada grupo tem o apoio institucional pelo prazo de um ano, que só poderá continuar caso haja rotatividade de pessoas. ?Não queremos manter clientelismos e sim oferecer o conhecimento para que as pessoas continuem a produção independente do poder público?, declara Edson Pereira.
Exemplos
O grupo da 3.ª Idade do Jardim da Ordem, no bairro Tatuquara, mantém uma bela horta que fica nos fundos do Armazém da Família do Tatuquara. O local foi cedido pela Prefeitura e produz até 20 espécies de hortaliças como alfaces, couve-flor, quiabo, cenoura, entre outras variedades. O preparo e cultivo da área de 2.500 metros quadrados fica a cargo de 16 pessoas. São homens e mulheres com mais de 60 anos que duas vezes por semana se unem para cuidar da horta. ?Aqui existem regras. Tem hora de entrar, de sair, e quem quiser colher tem que ajudar a plantar e a cuidar?, diz uma das coordenadoras da horta, dona Luiza Cubas.
No final dos trabalhos, os alimentos que estão no ponto são colhidos e o grupo reparte a produção de forma igual. De tão conhecida, a vizinhança passou a comprar verduras e legumes diretamente do lugar. A renda é revertida para a própria horta ou ainda para as festas de confraternização do grupo. ?Com o apoio da Prefeitura e com o dinheiro da venda já conseguimos comprar um aparelho de irrigação?, diz dona Luiza.
Carpinteiro aposentado, seu Manoel Braga, 73 anos, é um dos participantes do grupo. Ele se orgulha em dizer que já tem intimidade com o ?cabo da enxada?. ?Trabalhei muito com lavoura antes de ser carpinteiro e fico feliz quando levo pra casa o que ajudei a plantar. Como é muito, acabo distribuindo para os vizinhos?, revela.
Na Colônia Augusta, na Cidade Industrial de Curitiba, a família Filibrante vive exclusivamente da atividade agrícola. Seis integrantes da família, mais um funcionário mantêm uma produção baseada em hortaliças na propriedade de 1,5 alqueire. Assim como outros pequenos produtores do entorno, a família Filibrante distribui a produção para o comércio local. Alface, brócolis, alho-porro, cenoura, agrião, cheiro-verde e outros produtos abastecem as casas de lanches, supermercados, varejões, armazéns e outros tipos de comércio do próprio bairro e da vizinhança. ?Em casos como esse, a Secretaria do Abastecimento faz o papel da extensão rural, com apoio técnico, e também ajuda os produtores a organizar melhor e administrar a produção?, explica Edson Rivelino Pereira.
O Centro de Apoio Psicossocial do Bairro Novo usa uma pequena horta como parte das atividades de terapia ocupacional de 109 pacientes, que se revezam na manutenção dos canteiros. ?A horta proporciona aos pacientes ver e usufruir do resultado do trabalho?, diz o consultor em dependência química co Capes, Carlos Alberto.