Brasília – As negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) devem ser "suspensas imediata e definitivamente". Esse é o principal ponto da declaração final da 3ª Cúpula dos Povos da América, a chamada anti-cúpula.
O documento prevê, ainda, que todos os acordos entre os países devem obedecer a princípios com base no respeito dos direitos humanos, na soberania e na solidariedade, levando em conta as assimetrias econômicas e favorecendo os países menos desenvolvidos.
Entre outros pontos, a declaração final da 3ª Cúpula dos Povos quer a impulsão da Alternativa Bolivariana para América Latina e Caribe (Alba), processo alternativo de integração econômica e social defendido pelo presidente da Venezuela, Hugo Chaves.
A anti-cúpula reuniu cerca de 40 mil pessoas em um protesto na última sexta-feira em Mar del Plata, na Argentina, contra a presença do presidente George W. Bush na 4ª Cúpula das Américas. Os manifestantes diziam "não" à Alca, à dívida externa e à intervenção militar no Haiti. O protesto foi liderado pelo presidente da Venezuela, Hugo Chaves.
Para o cientista político David Fleischer, a manifestação deu força ao presidente venezuelano. "Mostra que ele é um líder populista que consegue participar desse tipo de fórum e exercer uma certa liderança", afirmou.
Entretanto, Fleischer ressaltou que esse tipo de manifestação é comum em encontros que reúnem diversos chefes de Estado. "É bem possível que haja esse mesmo tipo de manifestação em Honk Kong, no mês que vem, durante o encontro da Organização Mundial do Comércio", disse.
Paralelamente à anti-cúpula, Mar del Plata recebeu, também, a 2ª Cúpula dos Povos Indígenas. Na declaração final desse encontro, houve o repúdio à assinatura de acordos como a Alca e o Mercosul. Além disso, os povos indígenas reafirmaram a necessidade do direito à livre determinação e do fortalecimento de "um novo sistema de educação bilíngüe e intercultural, baseado no respeito mútuo das diferenças de cultura".
Os povos indígenas reivindicam, também, desenvolvimento sustentável e a criação de um foro permanente na Organização dos Estados Americanos (OEA) além da regularização, demarcação e titulação das terras, "com o fim de dar segurança jurídica".