Cúpula do PT não aparece para depor na Câmara

Brasília (AE) – A cúpula do PT faltou hoje (29) ao depoimento marcado na comissão de sindicância da Câmara, provocando protestos e "frustração" de deputados que pretendiam interrogá-la nesta semana. Dos quatro petistas da direção nacional convidados a depor, apenas o presidente do PT, José Genoino, apareceu. O tesoureiro Delúbio Soares, o secretário-geral Sílvio Pereira, e o secretário de comunicação Marcelo Sereno evitaram os depoimentos.

Nesta semana, o deputado José Dirceu (PT-SP), ex-ministro da Casa Civil, também se recusou a ir depor no Conselho de Ética da Câmara, seguindo uma estratégia de tentar esfriar a temperatura da crise política com a entrada do Congresso em recesso após a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Ao contrário do Conselho de Ética, no entanto, os depoimentos na comissão de sindicância são feitos a portas fechadas e em caráter sigiloso.

"Todos devem querer buscar a verdade. E quem quer buscar a verdade colabora", disparou o relator da comissão de sindicância, deputado Robson Tuma (PFL-SP). O relator afirmou que Delúbio, Sílvio e Sereno, foram convidados a comparecer à comissão no dia 23, mas transferiram para hoje. "Não recebi nenhuma justificativa para o não comparecimento. Não sei o que houve. Para mim, é frustrante", completou Tuma. "Eles têm muito a contribuir, tanto quanto a dar explicações.

Eles têm o dever cívico de dar explicações, até por que os indícios apontam para eles", afirmou o deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL), integrante da comissão. O deputado Odair Cunha (PT-MG) argumentou que houve um problema de agenda e por isso os petistas não puderam estar hoje na comissão.

"Eles têm disposição de vir. Ou alguém acha que eles não vão depor?", disse Cunha. "Se há frustração, é de foro íntimo. A investigação continua", continuou. Ele afirmou que os três petistas da Executiva Nacional poderão depor na próxima terça-feira, se os trabalhos do Congresso forem prorrogados até a próxima semana, caso a LDO não seja votada amanhã (30) e provoque o recesso automático do Legislativo.

O deputado petista disse ainda que caso haja recesso, a comissão estuda uma forma de continuar trabalhando durante o mês de julho. A comissão de sindicância, instância de investigação criada no âmbito da corregedoria da Câmara, não tem poder de convocação, podendo apenas convidar as pessoas que julgar serem importantes para a apuração. A comissão está investigando suposto esquema de pagamento de propina nos Correios e as denúncias feitas pelo presidente licenciado do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), do suposto esquema de pagamento por Delúbio de R$ 30 mil por mês para deputados do PP e do PL em troca de apoio ao governo.

Entre os depoimentos de hoje, o de Marcos Vinícius Vasconcelos, genro de Jefferson, foi considerado incompleto. Ele confirmou que funcionava como "o ouvido" de Jeffferson nas empresas estatais, confirmando depoimento do deputado na mesma comissão, mas não avançou em suas afirmações.

De acordo com os integrantes da comissão, Marcos Vinícius deu respostas curtas e evitou falar de outros assuntos, como no caso de envolvimento em suposto esquema no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), argumentando que a questão não era referente ao objeto da investigação.

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