A cúpula do PFL decidiu manter de pé a candidatura presidencial do prefeito do Rio, César Maia (PFL), até março, só com o objetivo de ganhar tempo para que se resolva a briga interna do PSDB, entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital paulista, José Serra, pré-candidatos a presidente. Nos bastidores, a aliança com o partido na corrida presidencial é dada como certa. Embora o discurso oficial seja o da não-interferência na disputa tucana, a avaliação predominante na cúpula pefelista hoje é a de que o melhor perfil para polarizar a eleição com o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em qualquer cenário é o de Serra.
"O PSDB tem dois nomes de qualidade para disputar a presidência e o PFL não vai opinar sobre nenhum deles", declarou hoje o presidente nacional da legenda, senador Jorge Bornhausen (SC), depois de se reunir com líderes e dirigentes da sigla para discutir a agenda do Congresso e analisar o quadro das eleições de outubro. Mas, no encontro, eles avaliaram que o cenário mais favorável para evitar o surgimento de uma terceira via – o secretário de Governo e Coordenação do Estado do Rio, Anthony Garotinho, pré-candidato a presidente – é o que confere liberdade às agremiações para compor as alianças nos Estados, independentemente da chapa que disputará a Presidência da República.
Os pefelistas concluíram também que a derrubada da regra da verticalização, que limita as alianças nas eleições de governador aos moldes da chapa formada para eleger o presidente, é prejudicial à candidatura Alckmin. O raciocínio foi o de que, com as alianças liberadas, o número de candidatos a presidente será muito maior. Considerou-se que, neste caso, que o perfil mais "morno" do governador de São Paulo poderia abrir espaço a uma alternativa mais "agressiva" como Garotinho, deixando-o fora do páreo.
Os dirigentes do PFL concluíram que o estilo "mais aguerrido e lutador de Serra", que é também mais conhecido, nacionalmente, do que Alckmin, assegura a polarização da eleição com o PT "logo de saída", independentemente do número de candidatos. Maia, que irritara setores do PFL há cerca de um mês quando admitiu retirar a candidatura em favor do prefeito de São Paulo, sem aviso prévio ao partido, foi melhor compreendido hoje. A direção pefelista está convencida de que pensa, exatamente, como o prefeito do Rio: os dois avaliam que Serra polarizará a eleição com Lula de tal forma que não haverá risco de nenhum outro candidato chegar ao segundo turno contra o PT, deixando o tucano fora da disputa final.
Foi diante desta análise que Bornhausen anunciou, de público, que o PFL lutará para aprovar a proposta de emenda constitucional (PEC) que derruba a verticalização ainda durante a convocação extraordinária. "Nossa idéia é fazer uma grande mobilização e um trabalho de corpo-a-corpo na Câmara para conseguirmos votar a PEC do fim da verticalização dia 1.º ou 2 de fevereiro", afirmou o líder da minoria no Senado e vice-presidente nacional do PFL, José Jorge (PE). Segundo Jorge, dirigentes e líderes pefelistas trabalham nesse sentido porque a crença geral é de que a verticalização é um erro, hoje ou no futuro. "Impor a verticalização é impor a política de São Paulo ao Brasil inteiro", argumenta, ao afirmar que toda eleição presidencial passa pelos interesses políticos do Estado, que, em geral, conflitam com a realidade das demais unidades da Federação.
Além da verticalização, os pefelistas querem votar também o projeto de resolução que reduz o recesso parlamentar dos atuais 90 dias para 60, metade em julho e a outra no fim do ano. Bornhausen também antecipou a posição do partido contrária ao pagamento extra de dois salários aos parlamentares na autoconvocação do Congresso para trabalhar durante o recesso. Ressalvou, porém, que considera o pagamento justo, no caso de a iniciativa da convocação ser do Executivo.
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