Cunha pede impugnação da candidatura de Nelson Jobim no PMDB

A briga pela presidência do PMDB pode ultrapassar os limites da convenção nacional do próximo domingo, chegar aos tribunais e dar ao vencedor uma hegemonia inédita no comando partidário. Uma sucessão de erros na apresentação da chapa do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e candidato a presidente do partido, Nelson Jobim, abriu brecha para um pedido de impugnação da candidatura, apresentado nesta segunda-feira (5) ao partido pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Mas o próprio deputado confidenciou a amigos que seu recurso administrativo não visa a pôr fim na disputa.

Cunha não quer impedir a convenção pela via judicial. Confiante na reeleição do atual presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), ele fez um movimento político de olho nas vagas que a chapa de Jobim eventualmente obtiver no futuro diretório nacional do PMDB. Como a contabilidade da campanha da reeleição aponta vitória, com cerca de 60% das vagas do diretório nacional o objetivo é deixar que Temer vença Jobim no voto, para buscar, na Justiça, os 40% restantes, que caberiam aos dirigentes eleitos pela chapa de Jobim. Afinal, a direção partidária é composta na proporção exata dos votos que cada candidato alcançar, no universo de 782 votos dos convencionais.

Ciente da movimentação de seu aliado, o próprio Temer tratou de esclarecer que não participará de nenhuma manobra política para vencer Jobim "no tapetão", recorrendo à Justiça para impedir a candidatura adversária. "Do ponto de vista legal a chapa apresentada por Jobim é inaceitável, porque está incompleta, mas não quero que isto (o recurso) vá para o Judiciário, nem quero tumultuar a convenção", disse Temer.

Batizada de "Ulysses Guimarães", a chapa de Jobim ficou devendo pelo menos um nome na lista dos 119 candidatos a membros do diretório nacional do PMDB, apresentados ao partido na sexta-feira. É que o nome de José Luciano Barbosa (AL), ex-ministro da Integração Regional do governo Fernando Henrique Cardoso, aparece duas vezes, listado em 72º lugar e, mais adiante, na 118ª posição. Pelo estatuto partidário, a falta é motivo suficiente para a impugnação, que Temer rejeita. Ele vai dar novo prazo a Jobim, para que complete sua chapa e apresente a autorização pessoal de cada um dos 119 candidatos, que também está devendo.

"O que está em jogo agora não é a convenção nem a vitória de Temer, da qual não temos dúvida", disse Cunha a um peemedebista que comanda a campanha de Temer. O deputado explicou que recorreu apenas para cumprir o rito legal e, com isto, garantir a possibilidade futura de um recursos à Justiça, o que lhe seria cassado caso ele não protestasse agora.

Os erros políticos e legais do candidato Jobim não param aí. Ao apresentar a deputados e senadores o "Manifesto da Unidade", justificando sua candidatura, ele incluiu nomes de governadores, deputados e senadores na lista de apoios que exibiu ao final, à revelia dos apoiadores. Foi assim com o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), e com o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), que aproveitou a visita de Jobim ao Congresso, para pedir que retirasse seu nome de sua chapa. Também citado na chapa de Jobim e entre os apoiadores do manifesto, embora participe da do time adversário, o deputado Wladimir Costa (PMDB-PA) comunicou a Temer, oficialmente, que não autorizara a inclusão de seu nome na chapa Ulysses Guimarães.

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