Rio de Janeiro – Uma verba de R$ 61 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Petrobrás chegará ao setor de cultura na última semana do ano. A empresa de Petróleo entrará com R$ 36 milhões que serão distribuídos projetos voltados para capoeira, culturas indígenas debates e conferências e artes cênicas, que ficarão com a maior parte, R$ 13 milhões. O banco entrará com o restante, R$ 20 milhões para restauro de imóveis históricos em nove cidades e R$ 5 milhões para preservação de acervos, com teto de R$ 500 mil por projeto.
O anúncio foi feito hoje (22) em duas etapas, pelo ministro Gilberto Gil, que foi recebido pelo presidente do BNDES Guido Mantega, na sede da instituição. Mantega prometeu pelo menos os mesmos valores ao setor em 2006. "Com os R$ 20 milhões do cinema teremos R$ 45 milhões para cultura no ano que vem", adiantou Mantega. Ele lembrou que Rio de Janeiro, Ouro Preto e Olinda receberão a maior parte dos recursos, por terem sido escolhidas cidades-polo. Só o Rio ficará com mais de R$ 3 milhões para os museus Nacional de Belas Artes, Histórico Nacional, da Quinta da Boa Vista e da República. Apesar disso, o prefeito César Maia não apareceu na sede do BNDES nem mandou representante, ao contrário dos prefeitos de Olinda, Luciana Santos, e Ouro Preto, Oswaldo Ângelo, que vieram ao Rio.
"O importante é o interesse da população nas obras e não o do prefeito ou outro interesse político", minimizou Mantega sobre Maia. Ele ressaltou que as escolhas do banco estão em sintonia com a política do Ministério da Cultura. "Eles nos indicam os imóveis e serem restaurados e nós entramos com o projeto, sempre aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional." Além destas três cidades, São Paulo, Recife, Belo Horizonte, General Câmara (RS) e Penedo (AL), terão imóveis históricos reformados.
Teatro- No lançamento do edital da Petrobrás, Gilberto Gil rebateu as críticas dos atores Paulo Autran e Marco Nanini, que acusaram o governo federal de causar uma crise no profissional, ao desviar verbas deste setor para outras manifestações culturais. "Se o teatro está em crise, não é por falta de recursos, que triplicaram neste governo", afirmou o ministro. "Não seria uma crise no modelo de produção, ou então falta de aproximação com o setor popular? Ou ainda, falta de interesse pelos temas apresentados? Quem sabe não precisamos de Shakepeares para descobrir e escrever sobre esses tema?"
A fala do ministro foi aplaudida por uma platéia onde estavam desde a mãe de Glauber Rocha, dona Lúcia Rocha, à viúva de Tom Jobim, Ana Lontra Jobim, além do diretor da Fundição Progresso, Perfeito Fortuna, mas só uma representante do teatro profissional, a produtora Biana de Filippes, sócia de Carla Camurati. Ela protestou contra a crítica. "As verbas, que nunca foram muitas, deixaram de existir e hoje não se montam mais espetáculos profissionais com grandes elencos porque a política federal privilegia grupos amadores, que não vivem dessa atividade", disse ela.