Culto à araucária

Uma das mais estupendas riquezas naturais do Paraná, a portentosa árvore que lhe serviu de emblema, a magnífica araucária brasileira, hoje é uma pálida lembrança do panorama ainda infenso ao ataque destruidor do homem, preservado até meados do século passado. Depois, a destruição foi repentina e voraz, calculando alguns o tombamento de 50 milhões de troncos.

Dentre inúmeras personalidades extasiadas com o porte altivo do pinheiro-do-paraná, destacam-se os sábios franceses Saint Hilaire e Lévi-Strauss, que incursionaram pelo velho Caminho das Tropas, o primeiro em 1820 e o segundo no final dos anos 40s, em viagens que renderam relatos logo transformados em best sellers.

Ao descrever a região dos Campos Gerais, adornada de infindos bosques de pinheiros, Saint Hilaire escreveu ser aquele, sem dúvida, o mais belo cenário de todos quanto tivera a oportunidade de contemplar até então. Por sua vez, nos Tristes trópicos, Lévi-Strauss, ao retratar os sítios vistos antes pelo compatriota, com a mesma sensibilidade com que fotografou os caingangues, proclamou a abertura do cenário a todos os campistas do mundo. Ou seja, os precursores das legiões atuais de ecoturistas.

Ato contínuo, o então professor de sociologia da Universidade de São Paulo arrependeu-se do arroubo, sabedor do violento impacto ambiental que as hordas de bárbaros modernos trariam sob as botinas e latas de conserva.

É elogiosa a atitude do governador Roberto Requião e do secretário nacional de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, na criação de áreas de reserva e proteção da araucária. Antes que se transforme em referência bibliográfica e imagem desbotada.

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