Culpar ambiente é “falso dilema”, diz ministra

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, classificou como um "falso dilema" o debate sobre o desenvolvimento do País ser atrasado por culpa de questões ambientais. Em um jantar de empresários e organizações sociais no sábado, em São Paulo, ela novamente negou que obras públicas estejam paradas por causa do licenciamento ambiental. "Precisamos conciliar desenvolvimento e ambiente e incluir sustentabilidade", disse Marina.

Ela usou como exemplo a BR-163, que corta a Amazônia entre Cuiabá (MT) e Santarém (PA), onde o ministério construiu um distrito florestal no entorno antes de sua pavimentação. O asfaltamento foi adiado para a formulação do projeto sustentável. A obra deveria ter começado em 2006 e só deve sair do papel no próximo ano, após o governo federal arcar com custos que estavam nas mãos de um consórcio de empresários da região.

O jantar, organizado pelo Instituto Ethos e o Instituto Socioambiental, reuniu representantes de empresas de diversos setores – siderurgia (Alcoa), cosméticos (Natura) e moda (Luminosidade, do São Paulo Fashion Week) -, além de pesquisadores e ambientalistas.

A reunião foi um movimento em desagravo ao comentário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que listou licenças ambientais, índios, quilombolas e Ministério Público como entraves ao desenvolvimento. Marina, que baseia sua carreira justamente na valorização desses ditos "entraves", se esquiva da polêmica e diz desconhecer em que situação o presidente fez sua declaração.

A ministra continua em sua cruzada pró-sustentabilidade. Segundo ela, o Brasil passa por um momento crucial, quando deve escolher entre o modelo econômico tradicional ou um alternativo, que não exija a extinção dos recursos naturais em prol do enriquecimento. "Podemos escrever uma nova visão civilizatória quando agregar os dois fatores.

Ela acredita que, com apoio do setor agropecuário, é possível conciliar crescimento e ambiente ao investir na reutilização de terrenos abandonados para alavancar a produção. "Não precisamos lançar mão de um modelo atrasado de destruição da biodiversidade para garimpar nutrientes do solo por apenas oito a dez anos.

O presidente do Ethos, Ricardo Young, disse que o Brasil está diante de uma janela de oportunidade que pode se fechar rapidamente. "O Brasil é convocado a repensar sua posição diante do planeta e sua estratégia de desenvolvimento.

Contudo, o plano de governo para o próximo mandato está distante de unir desenvolvimento e ambiente. "Em comparação com outros países, que não fazem nada, há uma evolução. Os poucos que incluíram a sustentabilidade na administração, o fizeram por argumentos do coração. Se eles não são fortes o suficiente, usamos os argumentos da razão.

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