O primeiro da fila já foi. A Câmara Federal cassou o deputado Roberto Jefferson, considerando suas maracutaias mais pesadas que seus atos de heroísmo. Mas há uma longa fila de cassáveis em investigação, ameaçados de processos, escapando apenas os malandros renunciantes. Estes escapam à punição de oito anos de ostracismo e, se conseguirem tapear o povo outra vez, voltarão nas próximas eleições.

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O segundo da fila é o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, do PP de Pernambuco, aquele que deu um tombo em Lula e no PT, elegendo-se presidente contra o candidato oficial e mesmo um dissidente, com a promessa de engordar os vencimentos dos deputados. Foi eleito, mas não aumentou os salários como pretendia, pois a sociedade organizou-se e protestou em praça pública.

Severino entra no segundo lugar furando a fila dos cassáveis. Seu nome não era cogitado, pois no escândalo dos mensalões e caixa 2 para financiamento de campanhas eleitorais, sequer figurava. Só que existia um mensalinho particular, que acabou revelado. Ele foi acusado de achacar, quando era primeiro secretário da Câmara, o concessionário de restaurantes e lanchonetes que funcionam na Casa, o empresário Sebastião Buani. Teria exigido uma importância maior e, depois, mensalidades de R$ 10.000, durante muitos meses.

Verdade ou mentira? A maioria dos congressistas acha que é verdade, apesar das negativas do presidente Severino. É que na sua curta presença na chefia do parlamento revelou uma vocação nata para estripulias. Para escapar do enrosco, o parlamentar pernambucano inventou de tudo. Há um documento por ele assinado prorrogando (ilegalmente) a concessão do restaurante. Ele já disse que o documento não existe; que existe, mas é falso; que foi montado e que nunca o assinou. E até que, se assinou, não leu, pois estaria no monte de papelada em que uma autoridade como ele apõe seu jamegão com a maior displicência e irresponsabilidade.

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Surgiram dois laudos técnicos. Um, encomendado pelo próprio Severino a um técnico pernambucano, que diz que é falso. Outro, feito pela Polícia Federal, que afirma que o documento é verdadeiro. O concessionário achacado seria um achacador. Estaria fazendo chantagem com Severino para conseguir mais uma prorrogação do seu contrato. É mais uma versão.

Sebastião Buani, assustado, chegou a negar que tudo fosse verdade. Mas, em seguida, encorajou-se e conseguiu mostrar o extrato da sua conta corrente, no qual, em determinada data, há um saque de R$ 40.000,00 que seria a primeira mordida. Depois, exibiu a cópia de um cheque de R$ 7.500,00, parte de um mensalinho sacado pela secretária de Severino. A secretária, por sua vez, já apresentou três ou quatro versões. A última é que o dinheiro era uma contribuição do empresário Buani para a campanha de Júnior, Severino Cavalcanti Júnior -, candidato a deputado. Só que o Júnior já morreu, o que o transforma de envolvido a enterrado. Assim, espera-se salvar o folclórico presidente da Câmara, que, se não renunciar depressa, vai entrar para o rol dos cassados.

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É possível que alguém, nesse tempo, convoque uma sessão espírita para ouvir o testemunho do morto, que, por estar no outro mundo, receberá indulgências, salvará o papai e Buani será mandado fazer pizza em outra freguesia.