Cuidar da transição

É incrível a rapidez com que as transformações se sucedem no panorama econômico nacional. Os analistas mais experientes já estão acostumados à constância dessas súbitas modificações e têm uma estratégia a recomendar para cada quadra em particular, restando aos mortais comuns a plena incerteza quanto ao futuro imediato.

Depois de notícias otimistas quanto ao desempenho da economia nos primeiros três meses do ano, indicativo da estabilidade desejada nos meses seguintes e de certa recuperação do poder de compra dos assalariados, as tendências já desenhadas tornam incertos os parâmetros necessários para assegurar um desempenho favorável da economia.

As boas vendas realizadas pelo comércio em geral nos meses de janeiro e fevereiro tiveram leve declínio em março e a perspectiva vislumbrada pelos economistas é de desaceleração, afetando o próprio ritmo da produção industrial.

Um executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Gomes de Almeida, revela que embora a perspectiva seja negativa, ela é passível de mudança caso o governo tome as medidas cabíveis. Ou seja, é necessário evitar que a desaceleração da economia se transforme em retrocesso.

A aproximação do segundo semestre, segundo o pesquisador do Iedi, é o fator mais oportuno para a ação rápida do governo, porque o momento é de transição.

Qualquer sinalização revelada pelo governo quanto a continuidade da política de elevação da taxa básica de juros, e essa é a impressão generalizada entre os empresários, será um fator a mais a influir na queda do fluxo de vendas do comércio e da produção industrial.

O panorama que se avizinha deverá repetir o conhecido fenômeno do stop and go (pára e anda) dos anos 80s. Uma situação bastante familiar aos empresários da indústria e do comércio, cujo retorno, entretanto, ninguém mais esperava.

Muitos empresários vêem na atual política econômica uma preparação para 2006 – ano eleitoral – quando não será prudente nem rentável ao governo manter apertados os nós da economia. Por enquanto, o ministro Antônio Palocci tem conseguido abafar as reclamações, pensando na abertura do ano que vem, especialmente quando a campanha começar.

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