Cuba respondeu com ironia à oferta reiterada na quarta-feira pelos EUA, de levantar o embargo que mantêm contra a ilha em troca de uma transição democrática. "Isso pareceria um show humorístico, se tanta ‘generosidade’ não estivesse unida pelo cordão umbilical a um certo capítulo secreto do Plano Bush", disse o jornal estatal Juventud Rebelde, referindo-se ao plano proposto pela Comissão de Ajuda para uma Cuba Livre, que amplia para US$ 80 milhões a ajuda oficial americana aos grupos de oposição ao regime castrista. A verba também garante transmissões de propaganda anticastrista da Rádio e TV Martí, desde a Flórida, para os habitantes da ilha.
O secretário de Estado adjunto para Assuntos Ocidentais, Thomas Shannon, havia declarado que o início de uma transição para a democracia em Cuba – com a libertação de presos políticos, estabelecimento de eleições livres e respeito aos direitos humanos – levaria os EUA a abandonarem o embargo. A oferta foi reiterada no momento em que Fidel Castro, de 80 anos, se recupera de uma delicada cirurgia intestinal que o obrigou a passar as suas atribuições de governo para seu irmão, Raúl.
O jornal oficial cubano investiu também contra o ex-presidente polonês Alksander Kwasniewski, que propôs a formação de uma mesa de debates com personalidades internacionais para pressionar o regime cubano a abrir-se. "Há aqueles que buscam o ambíguo ofício de serviçais do império e o fazem assumindo o papel de alcagüete", diz o diário sobre Kwasniewski. "Essa proposta é o resultado do trabalho ao custo de US$ 80 milhões destinado por Washington ao fomento da subversão contra Cuba, que eles chamam de ‘mudança’ ou ‘transição’.
"Seria mais proveitoso para eles (EUA e Kwasniewski) se cuidassem da própria casa e deixassem em paz a soberania alheia" acrescenta o jornal. A nota é ilustrada por uma caricatura na qual um personagem estilizado como o Tio Sam força a alavanca de câmbio de um automóvel. "Em Cuba não está entrando a marcha à ré!