Cuba não vai tolerar dinheiro dos EUA para dissidentes

O governo cubano advertiu nesta quinta-feira (14) que não tolerará o que chamou de "indústria contra-revolucionária", depois de tomar conhecimento de um relatório oficial americano sobre o financiamento de Washington das atividades de dissidentes em Cuba. Um editorial do órgão oficial do Partido Comunista Cubano, o jornal Granma, foi a primeira reação das autoridades da ilha ao informe da Agência de Auditoria do Governo dos Estados Unidos, dedicada a investigar como são usados os fundos federais. De acordo com o relatório americano, existem claras irregularidades na administração do dinheiro enviado a Cuba.

"O relatório mostra a gravidade dos fatos: como e em quê foram gastos US$ 73,5 milhões de dólares entre 1996 e 2005 para tentar subverter a ordem interna em nosso país", afirma o Granma. A análise do uso dos fundos foi solicitada pelos deputados Jeff Flake, republicano do Arizona, e o democrata por Massachusetts William Delahunt. Intitulada "A dança dos milhões da contra-revolução em Cuba", o editorial afirmou que, segundo o relatório, metade dos fundos jamais chegou à ilha, permanecendo em mãos de grupos de exilados em Miami.

Este dinheiro é habitualmente canalizado pela Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos e pelo Departamento de Estado para programas que promovem a democracia em Cuba.

A revelação do relatório, em novembro, gerou uma gama de escândalos, pois apontou, inclusive, que o dinheiro foi utilizado para a compra de videogames, comida, bicicletas e até mesmo chocolate. Segundo o Granma, trata-se de uma "indústria", de um "negócio" da contra-revolução que alimenta muitos na Flórida e cujas migalhas chegam aos "mercenários" dissidentes na ilha através do Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Havana. Washington mantém um forte embargo contra Cuba há quatro décadas para tentar pressionar a ilha comunista a mudar de regime. Nos últimos anos, a administração do presidente George W. Bush endureceu dramaticamente as sanções.

O editorial foi publicado no mesmo dia da chegada a Havana de Flake e Delahunt, junto a outros oito congressistas americanos, no que será a primeira visita de uma delegação do Congresso dos Estados Unidos desde que Raúl Castro assumiu a presidência interina, depois que seu irmão Fidel o delegou temporariamente seus funções em 31 de julho devido a uma cirurgia intestinal.

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