A Cruz Vermelha Internacional, depositária das Convenções de Genebra, exigiu hoje o fim imediato do uso das chamadas bombas de fragmentação por causa de suas "terríveis conseqüências" em lugares como o sul do Líbano. Philip Spoerri, diretor de direito internacional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), disse que os países precisam urgentemente interromper o uso dessas bombas, que semanalmente matam ou ferem diversos civis libaneses.

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Israel despejou cerca de 4 milhões de bombas de fragmentação sobre o sul do Líbano durante a guerra de 34 dias travada entre julho e agosto deste ano contra o grupo guerrilheiro pró-iraniano Hezbollah. "É simplesmente inaceitável que civis sejam obrigados a voltar para casas e campos de cultivo repletos de artefatos explosivos" não detonados, disse Spoerri. "Em muitos casos, as bombas de fragmentação são as munições mais nocivas por causa da quantidade, da área e das faltas de confiabilidade e exatidão desse tipo de armamento", prosseguiu.

Funcionamento

As bombas de fragmentação são armazenadas em cápsulas de artilharia ou bombas despejadas de aviões. Um desses artefatos pode conter entre 200 e 600 bombas de fragmentação. A cápsula que contém essas bombas explode no ar e espalha os artefatos por uma área de tamanho equivalente a um campo de futebol. Normalmente, de 10% a 15% das bombas de fragmentação não explodem no momento em que atingem o solo. Em alguns casos, a quantidade de artefatos não detonados chega a 80%

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As bombas de fragmentação que não explodem na hora podem ser detonadas mais tarde ao menor impacto, dizem especialistas. Pelo aspecto atraente (muitas dessas bombas são coloridas), são comuns os casos de explosão de artefatos de fragmentação nas mãos de crianças. Spoerri salientou ainda que as bombas de fragmentação dificultam os esforços de reconstrução, contaminam o solo e arrasam a produção dos campos de cultivo.

A campanha da Cruz Vermelha Internacional contra as bombas de fragmentação refere-se aos artefatos "inexatos e não confiáveis" o que engloba praticamente todas as armas de fragmentação. No passado recente, bombas de fragmentação provocaram vítimas entre civis inocentes no Afeganistão, no Iraque e no Laos.

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Em 1999, depois da Guerra do Kosovo, a Cruz Vermelha Internacional exigiu a proibição do uso de bombas de fragmentação depois do uso da munição durante a campanha militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra o governo da antiga Iugoslávia. Mas a iniciativa da entidade para responsabilizar as nações que usassem as bombas de fragmentação pela limpeza das áreas conseguiu a adesão de pouco mais de 20 governos. Países como Israel ou os Estados Unidos não ratificaram a iniciativa da Cruz Vermelha.