Matéria escrita por: Vivi Werneck
blog: Girls of War
ATENÇÃO: sei que, com esta crônica, poderei fomentar discussões e esquartejamentos virtuais calorosos entre os leitores, mas como o inferno é o meu playground, vamos lá! Hehehe…
Eu vivo dizendo que não sou muito fã de shooter (leia-se: joguinho do estilo “atira primeiro, pergunta depois”), mas teve uma época em que eu jogava isso quase todo dia! (óóóó…). Infelizmente, para cólica nervosa de alguns, não era porque eu gostava, mas sim, por pura falta de opção!
Vou explicar: passei boa parte da minha pré-aborrecência sem ter meu próprio computador, então, ficava à mercê do PC do meu priminho endemoniado (olha ele aí de novo!). O problema, pelo menos para mim, é que ele só sabia jogar esses jogos estressantes no qual você, ao invés de dar um feliz bom dia ao seu vizinho, o felicita espalhando os miolos do cara na parede com um tiro.
Lembro que fui jogar com ele um joguinho de arena (não me lembro qual), do tipo cooperativo, daqueles em que você não se f… sozinho. O game era ambientado na Segunda Guerra Mundial (tem gente aí que agora vai ter um orgasmo! rss) e seu objetivo, neste modo de arena “cooperativa”, era pegar a bandeirinha do grupo adversário e trazer para sua base…… Mas que coisa ridícula!!! No meio da guerra, o mundo se comendo (uuiiii…) na bala e você brincando de bandeirinha com os seguidores de Satã??? Ah… Faça-me o favor!!! Mas, enfim…
No meu time só tinha meu primo e eu, sendo que eu servia apenas de escudo humano no início. Ah, fiquei revoltada! “Eu quero atirar também p…”, gritei indignada. “Cara, você só faz m…”, me incentivou meu priminho adorado. Então, resolvi mostrar para ele que eu também sabia explodir cabeças e, quando o jogo recomeçou depois de eu morrer pela milésima vez, tomei a dianteira! Olhei para o lado e meu priminho esboçava um sorrisinho sarcástico do tipo “ela não dura dois passos”, não é que eu durei??? Três! Depois disso explodiram a minha cabeça! Tá… Vamos reavaliar a estratégia…
O negócio da parada é pegar a bandeirinha né? Então vamos lá… “Priminho, me dá cobertura!”, disse toda cheia de marra. Lembro-me bem da cena! Parecia coisa de filme de Rambo! Era hora de colocar a minha tão bem planejada estratégia em ação… Dei um grito de guerra – que veio do útero, para liberar a adrenalina (e o pigarro), e sai correndo no meio de todo mundo atirando que nem uma mula picada na bunda por uma abelha! “Você tá maluca?!?!? Comeu cocôôô?!?!?”, desespera-se o meu primo correndo atrás de mim.
Não é que a idéia suicida deu, parcialmente, certo? Ainda não tínhamos chego até a miserável da bandeirinha do demônio, mas conseguimos refúgio atrás de umas caixas de madeira empilhadas, um pouco antes de uma rampa de acesso à base inimiga. “Ahahahaha… Viu, não disse que daria certo?”, disse zoando meu primo capetinha.
“Conseguiu, claro… Conseguiu descarregar o seu rifle todo sua anta e agora? Vai recarregar como? Com m…???”, respondeu ele com raivinha. Lembro-me que nesta hora fiquei p… da minha vida. Primeiro porque a gente só chegou perto da tal rampa porque baixou o mal da vaca louca em mim e, realmente, acabei com toda munição. Segundo que ninguém fala desse jeito comigo, muito menos moleques metidos a exterminador do futuro!
“Agora você pega a p… do teclado e dá na cara deles para ver se quica!”, continuou a me ofender o miserável. “Hum… A idéia é boa, mas vamos testar primeiro para ver se funciona”, respondi – já tiririca da vida – arrancando o teclado e batendo com tudo nos inimigos??? Nãããooo… Nas costas do filho de Exu do meu primo!!! A tatuagem de sangue coagulado, em forma de Numpad, ficou linda e durou uns cinco dias!!!
Resolvidas as pequenas desavenças estratégicas (e depois de muita guerra interna – o moleque tacou a caixinha de som na minha cabeça!!!), criamos um plano maluco, mas que era a única forma de alcançar o pedaço de pano maldito sem ter que começar a fase toda de novo…
Um ataque suicida!!! Naquele momento fatídico nasceu o esquadrão K.Y. (Kamikazi Youth), juro que não fui eu quem deu a idéia do nome! Hehehe… O plano era o seguinte: como meu primo era o único que ainda tinha munição, e eu estava lascada, eu iria correr desembestada na frente, para chamar a atenção dos inimigos, e meu primo subiria a rampa e pegaria a meleca da bandeira. É claro que o final não seria muito feliz para mim, mas é que eu não aguentava mais aquele jogo irritante e essa seria uma forma de parar de jogar com “dignidade”.
Que rufem os tambores!!! Abriram a porteira e mais uma vez incorporei o mal da vaca louca com câimbras e sai correndo… Só que na direção errada!
Era para eu ter ido em direção oposta à rampa para chamar a atenção dos soldados, que protegiam a entrada da base, e não para subir na maldita rampa junto com meu primo!!! Depois de muitos p… que pariu xingados por ambos, eis que surge uma luz no fim do túnel: pisei numa mina terrestre! Buuuuuuuummm!!!!!!! Pedaços meus voaram para todos os lados! E como se já não bastasse o meu esquartejamento cinematográfico, a explosão detonou uns barris de combustível perto dos soldadinhos do capeta!!! Booooooooooooouuuumm!!! Uma tempestade de miolos caiu do céu, como se fosse uma chuva macabra de miojo com molho de tomate! Lindo de se ver!!!
Meu primo? O filho da mãe, já prevendo a m… que eu ia fazer, se escondeu e aproveitou a confusão para ir pegar a tão batalhada bandeira… “Uééé… Cadê a bandeirinha???”, perguntou o incrédulo sofredor. “A bandeirinhaaa??? Seu filho da mãe!!!”, respondeu a minha pessoa já no limite da TPM. “Com essa explosão, a m… da bandeira deve tá empalada no seu c……………. corpo!!! Seu miserável!!! Não me diga que eu morri à toa! Procura esse cacete (ui) jááá!”, ordenei.
Você achou a bandeira??? Nossa, que bom!!! Porque meu priminho inútil está procurando até hoje… Só que no inferno!!! O moleque rodou tudo e só encontrava pedaço de gente para todo lado! Por fim, nem todos estavam mortos como pensávamos e um tiro de shotgun no meio do cérebro do garoto (não se perdeu grande coisa) pôs fim a essa saga bizarra, que deve ter durado uma tarde inteira de puro estresse! Agora vocês já sabem porquê evito, ao máximo, jogar shooter! Não adianta bolar estratégias mirabolantes. No final, vence quem conseguir se desesperar de forma mais coordenada!
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