O governo federal vai ter que viabilizar, em curto prazo, um pacote com pelo menos 16 medidas na área social para conseguir votos de senadores da base aliada que ameaçam votar contra o salário mínimo de R$ 260. O senador Cristovam Buarque (PT-DF) formalizou as medidas em um documento, e amanhã se reúne com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, e com senadores aliados para discutir a viabilidade das medidas. ?Eu não peço cargo, nem emenda. Mas eu quero um choque social que proteja o salário mínimo?, afirmou Cristovam.

Na avaliação do senador, as medidas na área social vão trazer benefícios muito superiores aos R$ 275 no salário mínimo proposto pelo PFL. ?Não são R$ 15 que vão fazer a diferença. Quero colocar essas propostas como anexo da Lei de Diretrizes Orçamentárias, e farei o meu compromisso em votar pelos R$ 260?, ressaltou.

Alguns senadores da base aliada anunciam no entanto que vão votar contra o governo por temer que as medidas na área social não sejam colocadas em prática. É o caso do senador Paulo Paim (PT-RS), que reiterou hoje a sua posição contrária aos R$ 260. ?Cartas de boa intenção eu tenho pelo menos uma dúzia. A PEC paralela da Previdência, que também surgiu de um acordo, até hoje não foi votada?, lembrou.

A oposição também usa o mesmo argumento. O senador Siqueira Campos (PSDB-TO) reforçou o discurso de Paim, e disse que o governo não vai cumprir o acordo do ?pacto social? como não cumpriu o da PEC paralela da Previdência. ?Eu acreditei em Papai Noel até quatro, cinco anos de idade. E acreditei na PEC paralela. Não vou acreditar em mínimo paralelo?, disse.

O senador Cristovam Buarque dividiu o pacote de ações de acordo com a possibilidade de serem implementadas pelo governo. Primeiramente, o senador sugeriu algumas medidas sem custos imediatos para o governo, como a garantia de vagas para crianças em escolas mais próximas às suas casas, a definição de um piso salarial para os professores do ensino básico, a obrigatoriedade do ensino médio, e a recuperação do salário mínimo. Já entre as medidas que têm custos previstos no Orçamento e no Plano Plurianual, o senador sugere a continuação do programa Brasil Alfabetizado e a criação da Poupança-Escola.

O senador também apresenta ações que terão custos a serem estimados em cronograma pelo governo, como o aumento do Bolsa-Família, a gratuidade de remédios a aposentados, a viabilização da reforma agrária e a antecipação do programa renda mínima, entre outras. ?Eu ainda acredito na palavra do presidente. Há muitas pessoas desconfiadas, mas eu acredito?, disse Cristovam.
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