Crise política pode afetar Petrobras, admite presidente da estatal

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse hoje (14) não acreditar que a crise política afetará a economia brasileira. Mas, se isso ocorrer, certamente a estatal será prejudicada, embora não se possa precisar em qual medida. "Do ponto de vista da Petrobras, estamos dentro do Brasil e, se a crise política afetar a atividade econômica, seremos afetados. No entanto, já houve várias tentativas de envolver a Petrobras na crise e nossas atividades sempre se mantiveram dentro da normalidade."

"Nosso planejamento e investimento continuam os mesmos e nossas ações seguem a performance da bolsa. Obviamente se o mercado brasileiro se contrair, nossos papéis sofrerão impacto", afirmou Gabrielli, que participou hoje do Brazil Day, evento que leva a Nova York representantes de 28 companhias abertas brasileiras para reuniões com investidores globais.

Sobre a anunciada redução dos investimentos em 2005, de R$ 28 bilhões para R$ 25 bilhões, Gabrielli disse que as contas tiveram de ser refeitas porque a empresa é dolarizada. "Nosso orçamento é projetado em dólares e tivemos de fazer um ajuste em função do comportamento da moeda americana. Não há nenhum problema", disse, lembrando que o total de investimentos continua expressivo.

Com relação ao fato de a empresa ter divulgado seu balanço trimestral na tarde de sexta-feira, com o mercado ainda funcionando, Gabrielli afirmou que tudo transcorreu dentro da normalidade. "O que aconteceu foi que nossa reunião de conselho foi feita em Brasília, e não no Rio de Janeiro. Isso acabou por agilizar o processo e resolvemos divulgar, com a devida autorização da Bovespa." Segundo o presidente da Petrobras, o caso da petrolífera nada tem a ver com o do Itaú, cujo balanço vazou na internet no trimestre passado.

Palocci

Gabrielli afirmou ainda que os resultados da empresa têm sido fortemente afetado pelo comportamento do câmbio que, ao mesmo tempo, beneficia e prejudica algumas linhas. "Mas nosso lucro trimestral, na casa de R$ 5,6 bilhões, veio em linha com a mediana das projeções dos analistas a que tivemos acesso."

Sobre um possível salto nas cotações do dólar por causa do agravamento da crise política, no caso de uma eventual saída no ministro Palocci, Gabrielli afirmou que certamente os resultados da empresa serão afetados. Mas isso dependerá do momento e da velocidade de uma eventual disparada do dólar.

"É muito difícil precisar este impacto. A desvalorização do dólar diminui nossa dívida, reduz custo de importações. Por outro lado, prejudica exportações. Como nosso caixa é dolarizado o efeito também é negativo nesta linha. Mas não é possível precisar hoje a medida desses números." Gabrielli, porém, disse desconhecer qualquer noticia sobre a saída de Palocci de seu posto e não acreditar que isso venha a ocorrer.

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