Crise política não afeta economia, repete diretor do BC

A crise política não provocará redução nos investimentos no País, afirmou hoje
(30) o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Afonso Bevilaqua, ao
apresentar o Relatório de Inflação de junho. Com o cuidado de não mencionar
diretamente os escândalos de corrupção que envolvem o PT e dois partidos da base
aliada do governo Luiz Inácio Lula da Silva, Bevilaqua sustentou que esses
episódios e a incerteza política "são normais" e "inerentes" a qualquer
sociedade democrática e que não deverão ser considerados nas decisões de
investimento.

"No nosso entender, esses efeitos da crise política sobre
os investimentos não devem se materializar", declarou. "Quando os fundamentos
econômicos são sustentáveis e as instituições políticas são sólidas, o que
prevalece nas decisões de investimento são as condições macroeconômicas."
Apoiado nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
Relatório de Inflação mostra que houve redução nos investimentos em novas
estruturas e maquinários produtivos a partir de outubro. No primeiro trimestre,
a queda foi de 3%, em relação ao último trimestre de 2004, depois de descontados
os fatores sazonais. Para o ano, porém, a estimativa ainda é de um crescimento
de 2,3%.

Os indicadores de abril não melhoraram esse cenário e continuam
a apontar a tendência de queda nesses investimentos, em especial por conta da
redução da demanda do setor agropecuário por máquinas e equipamentos e de alguns
segmentos industriais. Mesmo assim, o Banco Central mostra-se otimista com as
perspectivas para os próximos meses, por conta de da trajetória de queda da taxa
de risco país, da expectativa do mercado de redução da taxa de juros básica (a
Selic) e dos planos de expansão da capacidade produtiva programados pelas
empresas até 2007.

O diretor reconheceu que, ao elaborar as previsões
para a economia contidas no Relatório de Inflação, o Banco Central não
"contabilizou" as incertezas criadas pelo ambiente político nas últimas semanas.
A rigor, os cálculos para o ano baseiam-se nos resultados da economia no
primeiro trimestre. Como justificativa, Bevilaqua voltou a bater na tecla de
que, nas decisões de investimentos, deverão prevalecer os fundamentos econômicos
sobre as avaliações políticas. "(A crise política) não está contabilizada e não
imaginamos que deva estar contabilizada", arrematou.

Para o diretor, a
solução do imbróglio político por meio institucional poderá até mesmo trazer
efeitos positivos para o cenário macroeconômico do País ao demonstrar a
"maturidade" das instituições democráticas. "No nosso entender, haverá solução
(para a crise) porque as instituições são fortes e estão funcionando", destacou,
ao ser questionado se haverá, em seu ponto de vista, algum desfecho para a
crise.

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