"Hoje temos uma política conturbada. Esse governo não tem credibilidade para desarmar o povo", afirmou hoje o deputado Alberto Fraga (PFL-DF), presidente da Frente Parlamentar Pelo Direito à Legítima Defesa.
Fraga acredita que a crise provocada pela denúncia de um esquema de compra de votos no Congresso Nacional ? o chamado "mensalão" ? ajudou a campanha em favor do "Não" à proibição do comércio de armas de fogo e munição. Para ele, muitos eleitores foram motivados a votar no número 2 por insatifações com o Executivo e o Legislativo.
"Há inconformismo com relação a esse governo e também ao Congresso. Não tínhamos que delegar esse tipo de decisão à sociedade", avalia Fraga, que ainda ressaltou o baixo número de parlamentares na campanha da frente por ele presidida. "Poucos deputados trabalharam a favor do "Não" porque é antipático. Não tenho medo de ser chamado da bancada da bala, melhor do que ser chamado da bancada da mala."
Fraga, que é policial militar licenciado, classifica o referendo como um "capricho" do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), responsável por "atirar milhões de reais no lixo". E, apesar de reconhecer o impacto positivo do Estatuto do Desarmamento na diminuição no comércio de armas entre 2003 e 2005, Fraga aponta falhas na tramitação da lei.
"O presidente da Câmara que aprovou o Estatuto, deputado João Paulo Cunha, colocou o Estatuto em votação simbólica e não aceitou o pedido de verificação de votos, feito por mim, com o apoio de 42 parlamentares", lembra o pefelista. "Temo que o Estatuto ainda seja derrubado por uma das cinco ações de inconstitucionalidade existentes. O texto prevê porte de arma para agricultor que depende da caça, não levando em conta que a caça é proibida no Brasil."
Com relação às pesquisas iniciais, que previam a vitória do "Sim" à proibição do comércio de armas e munições, o presidente da Frente pelo "Não" atribui os números desfavoráveis ao comportamento da mídia diante do assunto. De acordo com Fraga, os parlamentares contrários ao referendo não foram ouvidos pela imprensa.
"Tivemos que entrar na Justiça para proibir o uso da expressão referendo do desarmamento. É uma expressão muito emocional", acredita o deputado do Distrito Federal, para quem os índices de criminalidade não devem ser alterados em conseqüência do referendo. Ele vê a criminalidade como um problema social, relacionado com a falta de uma política de segurança pública eficiente.
Entre as medidas consideradas necessária por Fraga está a aprovação de uma lei de sua autoria que tipifica o crime do seqüestro relâmpago e o aumento da maioridade penal, para desestimular a participação de adolescentes em crimes.
"O jovem prefere ganhar mil reais por semana para descer o morro e entregar o pacote de droga para o bacana, para exatamente aqueles que gostam de vestir camisa branca e soltar pombinha pedindo para o povo se desarmar", diz o deputado. "Não pretendo incentivar as pessoas a comprar arma, nem muito menos andar com ela na rua, o que é ilegal. Mas é melhor que o bandido permaneça com a dúvida, sem saber se o dono da casa que ele pretende assaltar tem ou não uma arma guardada."