Enquanto a economia brasileira vive períodos de calmaria apesar de alguns sobressaltos e da ameaça de alta na inflação -, a Argentina está no meio de uma crise institucional que começou com nova derrocada econômica. A presidente Cristina Kirchner entrou em atrito com ruralistas e exportadores, começou a faltar comida e insumos nas grandes cidades e a população voltou às ruas, como fizera nos governos de Carlos Menem, Fernando de la Rúa e Eduardo Duhalde.
Cristina segue à risca as idéias e as atitudes de seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner. Ele, para alguns, é quem manda na Argentina, mesmo não tendo cargo algum – como aconteceu no Rio de Janeiro na época em que Rosinha (Garotinho) Matheus era a governadora. Cristina, com seu estilo histriônico, seria apenas a executora dos planos de Néstor.
Seja quem for o ?cabeça?, os planos só deram errado. O controle da inflação na Argentina não é feito nas ruas, e sim nos institutos de pesquisa – especula-se que o governo está escondendo os reais índices de aumento de preços. Em sua luta contra os ruralistas, Cristina Kirchner decidiu sobretaxar as exportações, levando grande parte do setor produtivo à loucura.
Os produtos de primeira necessidade sumiram. Não há leite, carne e farinha em grandes cidades do interior argentino. Em Buenos Aires, onde a situação é ainda sossegada, protestos começam a pipocar pedindo reformas e controle dos preços. Os famosos ?panelaços?, que praticamente derrubaram Fernando de la Rúa, estão ressurgindo com força.
Cristina e seu marido seguem mantendo o discurso radical, de que os produtores rurais seriam ?inimigos da pátria?. Na verdade, ?inimigos da pátria? são todos que discordam dele, incluindo políticos e jornalistas opositores, que sofrem forte perseguição e têm suas vidas vasculhadas e seus parentes ameaçados. Como se sabe, não é assim que se debela uma crise, ainda mais a argentina, que tem forte implicação econômica.