O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, fez hoje na Câmara dos Deputados, um resumo dos fatores que prejudicaram a agricultura nos últimos anos. Ele lembrou que a crise não começou em 2005, ou em 2006. E que a situação do setor vem se agravando nos últimos 3 anos. O primeiro fator responsável pela crise, na avaliação do ministro, foi o aumento do custos de produção, impulsionado pelo crescimento da demanda mundial por insumos. Ele observou que subiu o preço do combustível, óleo diesel e do aço

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O segundo ponto foi a queda dos preços agrícolas no ano passado, como resultado da produção mundial recorde de soja, trigo, arroz algodão e milho. O terceiro ponto foi a seca que castigou no ano passado várias regiões do País. A Região Sul foi a mais castigada. Rodrigues comentou que no Rio Grande do Sul a produção de soja caiu 80% em 2005. A perda na safra agrícola do País foi de 19 milhões de toneladas

Paralelo a esses a fatores, também houve, segundo ele, "um descasamento no câmbio". Em 2004, o dólar valia entre R$ 3,10 e R$ 3,20 no momento do plantio da safra. Quando a safra foi colhida, a cotação era de R$ 2,50. Essa cotação valeu para o plantio da safra 2005/06, mas cotação do dólar no momento em que o produtor vende a produção é de R$ 2,10/R$ 2,20. "Esse é um fantasma intransponível", disse o ministro, ressaltando que problemas como logística e infra-estrutura também prejudicaram a atividade agrícola

Rodrigues acrescentou, ainda, que os focos de febre aftosa diagnosticados no ano passado em rebanhos bovinos de Mato Grosso do Sul e no Paraná, dificultaram as vendas de carne ao exterior. A gripe aviária, que ainda não chegou ao Brasil, também prejudicou a atividade rural

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Roberto Rodrigues afirmou que os produtores perderam R$ 30 bilhões nos últimos dois anos. "O governo tem a clareza de que a crise é sem precedentes e que o buraco de R$ 30 bilhões é ‘intapável’ por medidas emergenciais e de longo prazo", disse o ministro, que participa de Audiência Pública na Câmara ds Deputados

Na avaliação de Rodrigues, as medidas anunciadas pelo governo – três pacotes em menos de dois meses – dão algum alívio ao setor agrícola. "A maioria dos problemas está equacionada com o conjunto de medidas". Mas o governo, disse ele, está debruçado para avaliar a situação do setor. Ao calcular a perda de R$ 30 bilhões, Rodrigues disse que essa era "uma espantosa cifra". O ministro reafirmou que o governo está atendo à crise da agricultura e observa o efeito dominó, que é a queda na produção industrial, motivada apela crise do agronegócio

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