A crise enfrentada pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, teve repercussões no Supremo Tribunal Federal (STF).
Responsável por sugerir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomes de ministros para o STF, Bastos dedicou-se nas últimas semanas quase que exclusivamente a se defender das suspeitas de envolvimento na quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o "Nildo". Em segundo plano, ficou o processo de escolha de um novo ministro para o STF, que ocupará a vaga deixada há quase um mês pelo ministro Nelson Jobim.
Ministros do STF têm reclamado de um aumento na sobrecarga de trabalho ocasionado pela demora na indicação do novo integrante do tribunal.
Eles têm recebido mais processos do que o habitual – têm de dividir o trabalho que deveria ser exercido pelo novo membro da Corte. No dia 7, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse à ministra Ellen Gracie que deveria indicar o ministro para o Supremo antes da posse dela na presidência da Corte. Lula disse que era pressionado para escolher uma mulher. A posse de Gracie está marcada para quinta-feira (27).
No governo, a expectativa é de que será anunciado nos próximos dias o nome do novo ministro do STF. Apesar de não existir uma confirmação oficial, há um sentimento generalizado de que o processo de escolha do ministro do STF foi atrapalhado pela crise enfrentada por Bastos. Nas últimas semanas, enquanto ocupava-se da defesa no episódio da quebra de sigilo de "Nildo", Bastos teve a agenda restrita quase que a despachos internos. Após ter ido ao Congresso para falar sobre o assunto, o ministro começou a retomar os compromissos e voltou a se dedicar à escolha do integrante do STF.
Mesmo com essa expectativa de breve indicação, o clima ainda está frio. Dessa vez, ao contrário do que ocorreu em outros processos de escolha, há poucos comentários nos bastidores. Nem mesmo ministros do Supremo sabem quem será o escolhido ou a escolhida.
Com a nomeação do novo ministro do STF, Lula terá indicado seis dos 11 ministros da principal Corte do País. O dado é estratégico, uma vez que cabe ao tribunal julgar a constitucionalidade de leis e até de emendas constitucionais e analisar inquéritos e ações abertos contra autoridades, como congressistas acusados de envolvimento com o "mensalão". Até agora, Lula indicou para o Supremo os ministros Cezar Peluso, Carlos Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Eros Grau e Ricardo Lewandowski.