A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), órgão técnico responsável pela coordenação das ações que minimizem os transtornos da crise da Varig, está no centro de um tiroteio político. De um lado, as companhias aéreas não escondem sua insatisfação com a discussão de algumas medidas que afetam o mercado, como os critérios para a distribuição das linhas domésticas, em caso de paralisação definitiva da Varig

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De outro lado, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, segundo relatos de interlocutores do Palácio do Planalto, tem demonstrado nervosismo e preocupação com a condução do episódio pela Anac, temendo que a primeira diretoria da recém-criada agência reguladora ceda às pressões das maiores companhias aéreas, como TAM e Gol. Por trás de inúmeras reuniões que estão sendo realizadas pela Anac, há algumas semanas, está uma disputa empresarial por maiores fatias do setor aéreo, que tem se recuperado e crescido nos últimos quatro anos

A Varig é a concessionária do serviço aéreo que detém mais de 75% das rotas internacionais, e no passado, chegou a ter quase 80% do mercado doméstico. Hoje, em rotas nacionais ela já perdeu muito espaço para a TAM e a Gol, mas ainda tem um espólio considerado muito atraente, como os espaços e horários nos aeroportos para pousos e decolagens ("slots"). O centro da disputa das instalações aeroportuárias é o de Congonhas (zona sul de São Paulo), de onde parte e chega a maior parte das rotas internas.

Com tudo isso em jogo, desde março deste ano a estrutura do antigo Departamento de Aviação Civil (DAC), um órgão formado basicamente por militares, está sendo substituída pela Anac, cujos primeiros diretores são civis e com pouco conhecimento técnico do complexo setor aéreo.

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Interlocutores do setor relatam que, por causa disso, circula o comentário de que "há muito amadorismo" na administração dos efeitos da crise financeira daquela que já foi a maior companhia aérea nacional. As empresas aéreas resistem, por exemplo, ao desejo da Agência Nacional de Aviação Civil de que elas assumam também os custos de hospedagem e alimentação dos passageiros com bilhetes da Varig que tiverem dificuldade em se transferir para outros vôos com rapidez. A acomodação das pessoas no exterior que não conseguirem embarcar rapidamente é a maior preocupação também dentro do Palácio do Planalto.