Misturando horror com alguns toques de humor, a peça “Crime no manicômio”, da Companhia Vigor Mortis está no calendário do Festival de Teatro de Curitiba. O espetáculo estreou em outubro do ano passado e, de acordo com o diretor da companhia, o sucesso foi tamanho que agora ele está de volta.
A história gira em torno da personagem Luiza, interpretada pela atriz Rubia Romani, uma jovem que está internada em um sanatório. Em sua última noite no local, ela é colocada em um quarto com outras três internas homicidas e precisa sobreviver. As “colegas” de Luiza acreditam que há um passarinho preso dentro do olho da moça e querem libertá-lo a qualquer custo.
Paulo Biscaia, diretor da Companhia Vigor Mortis, explica que a peça representa um retorno às origens do grupo. “A Vigor Mortis foi fundada em 1997, tendo como base o Grand-Guinol (teatro de horror francês) que foi minha pesquisa de mestrado. Às vezes, nós fugimos dessa proposta e depois retornamos a ela. A peça Crime no Manicômio é uma adaptação de um texto clássico do Grand-Guinol”, explica.
O diretor também conta que a peça tem uma mistura de gêneros, mesclando o terror com o cômico. “A apresentação tem o horror, representado pela violência e pela loucura, mas também reconhecemos e saboreamos o ridículo das ações”, afirma.
Rubia Romani, a protagonista do espetáculo, diz que a construção de Crime no Manicômio promove ao espectador a sensação de estar em um cinema, mas com a diferença de que tudo está acontecendo ao vivo, na sua frente. Sobre a sua interpretação, Rubia se empolga: “eu nunca tinha feito uma louca antes, e adorei! Minha personagem tem duas facetas distintas, se modifica no decorrer da história”.
Após a apresentação, os espectadores reagem ao que acabaram de ver e os corredores que levam à saída do teatro ficam movimentados. A professora aposentada e estudante de teatro Saraí Meira não escondeu sua satisfação com o espetáculo.
“Gostei muito da construção dos personagens, a interpretação é maravilhosa! Já tinha ouvido falar do Paulo Biscaia, mas foi a primeira vez que vi algo dele e fiquei impressionada”.
Ela complementa elogiando o fato de que a peça consegue trazer temas reais, como as doenças mentais e o aprisionamento, com pitadas de humor. “A gente reflete, mas também se diverte”, conta Saraí.
A Companhia Vigor Mortis estava fora do Festival de Teatro de Curitiba havia cinco anos e voltou agora. De acordo com Biscaia, esse retorno aconteceu graças ao pedido do público e à parceria com o Teatro Cine Glóriah, que oferece as condições técnicas necessárias para garantir a qualidade da apresentação.
A peça Crime no Manicômio será apresentada até o dia 03 de abril.
Grand-Guinol
O teatro que inspira o trabalho da Vigor Mortis e, inclusive, da peça Crime no Manicômio, surgiu no fim do século XIX, na França. Na época, foi uma grande revolução ao expor cenas explícitas de horror, inclusive com decapitações e outras cenas grotescas.
O local onde as apresentações aconteciam, antigamente havia sido uma igreja e o estilo da arquitetura contribuía para o clima de suspense e mistério. O dramaturgo mais importante a colocar peças no Grand-Guinol foi André de Lord, inclusive, autor do texto original que agora está sendo apresentado em Curitiba.
Serviço:
Local: Teatro Cine Glóriah – Praça Tiradentes, 106
Classificação: Livre
Duração: 45 minutos
Gênero: Comédia
Preço: R$ 48,00 inteira – R$ 24,00 meia-entrada