Brasília ? Criadores de gado "amargam" o terceiro ano seguido de perda de renda, apesar do crescimento das exportações de carne bovina, afirma o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte, Antenor Nogueira.
Ele citou dados consolidados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), segundo os quais os custos operacionais do setor subiram 6,41% em 2005, enquanto o preço pago pelo boi gordo caiu 11,91%. No ano passado, as exportações atingiram o recorde de US$ 3,15 bilhões, com crescimento de 22,4% na comparação com a receita de US$ 2,57 bilhões obtida em 2004.
Segundo Nogueira, a situação agravou ainda mais o quadro de perdas que vem se arrastando desde a segunda metade de 2003. Ele disse que já havia sido detectado aumento de 10,1% nos custos operacionais da pecuária em 2004, contra ligeira queda de 0,03% no preço pago pelo boi gordo. A febre aftosa no final de 2005, acrescentou, piorou ainda mais a situação.
Em vista dessas perdas, Antenor Nogueira disse que os criadores aumentaram o abate de fêmeas, como forma de gerar renda, e "isso vai comprometer a oferta de bezerros em futuro próximo". De acordo com os dados da CNA, referentes a nove estados (GO, MG, MT, MS, PA, PR, RS, SP e RO) que concentram 78% do rebanho bovino, o abate de vacas tem aumentado ano-a-ano, a ponto de representar quase 40% de todos os abates de 2005.
A despeito do descompasso entre custos e preços da pecuária de corte, ele acredita que as exportações de carne bovina "devem repetir os resultados do ano passado, com possibilidade até mesmo de crescimento". Antenor Nogueira alerta, porém, para a necessidade de um plano de erradicação da febre aftosa em toda a América do Sul, para fortalecer o potencial de negociação do continente no comércio mundial.