Manaus – A Amazônia é o berço mundial das abelhas sem ferrão. A criação delas (meliponicultura) pode representar uma alternativa de renda, alimento nutritivo e uso terapêutico para os pequenos agricultores da região, além de contribuir para a conservação da floresta. Esse potencial já é realidade para as 150 famílias que moram em 25 comunidades rurais de Boa Vista do Ramos (AM) e fazem parte da Associação de Criadores de Abelha Indígena da Amazônia (Acaiá).
?Hoje manejamos 3,5 mil colméias. Quando começamos a produzir, em 2003, tiramos 800 quilos de mel. No ano seguinte, foram 1,8 toneladas. No ano passado, chegamos a duas toneladas?, contou à Agência Brasil o vice-presidente da Acaiá, Jair Rodrigues Arruda.
?Este ano esperamos alcançar quatro toneladas. Toda nossa produção é vendida para o DB [rede de supermercados de Manaus], para a Shamel [rede de supermercados de Curitiba]. Estamos também em negociação com o Pão de Açúcar?, revelou.
Dados do Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea (Pró-Várzea/Ibama) apontam que existem no mundo cerca de 20 mil espécies de abelhas. Entre as que formam colônias, cerca de 400 não têm ferrão, e metade vive na Amazônia. São conhecidas como melíponas ou abelhas indígenas.
A meliponicultura é mais barata que a apicultura (criação de abelhas com ferrão) pois não exige roupas nem equipamentos especiais de proteção. Além disso, as melíponas são responsáveis por 40% a 90% da polinização de árvores nativas, contribuindo para a formação das florestas.
?Criamos a associação em 2002, com 35 famílias, porque precisávamos manejar as abelhas nativas?, afirmou Arruda. ?Antes o comunitário ia para a floresta, derrubava uma árvore onde tinha a colméia e tirava o mel. Chegou um tempo em que a quantidade de abelhas diminuiu e isso foi sentido também na produção de frutas?.