O mercado clandestino de álcool movimenta 2,4 bilhões de litros por ano, provocando perdas de arrecadação e prejuízos para os motoristas. Segundo estimativa do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), é esse o volume destinado a fraudes como o álcool molhado e a adição à gasolina de porcentuais do combustível maiores que o permitido pela legislação. A entidade calcula que o mercado brasileiro de combustíveis vai crescer apenas 1% este ano, contra os 4% registrados em 2004.
O crescimento das vendas foi comprometido pela quebra da safra agrícola, um dos principais mercados para o óleo diesel vendido no País, afirmou o vice-presidente do Sindicom, Alísio Vaz. "Foi a grande frustração do ano e é o melhor reflexo do que aconteceu na economia brasileira", avaliou o executivo, em encontro de fim-de-ano com a imprensa. Segundo a entidade, as vendas do combustível devem fechar o ano em 39,3 bilhões de litros, volume apenas 0,6% superior ao verificado em 2004. O combustível responde por 50% do mercado brasileiro de combustíveis e, portanto, tem grande peso no desempenho do setor.
O combustível que deve fechar o ano com o maior ritmo de crescimento continua sendo o gás natural veicular (GNV) que, segundo a estimativa do Sindicom, vai regitrar alta de 20,3% este ano, atingindo os 1,9 bilhão de metros cúbicos em todo o ano. Já as vendas de gasolina também terão crescimento modesto, de 1,6%, com um volume total de 23,5 bilhões de litros, o maior dos últimos cinco anos. O volume, no entanto, ainda é menor do que o de 1999. A entidade avalia que o mau desempenho reflete o aumento das vendas de GNV e álcool, além do impacto sofrido pela alta de preços este ano, que desestimula o consumidor a usar seu carro.
No caso do álcool, o Sindicom encontrou dificuldades para fazer projeções. Pelos dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e das distribuidoras, o mercado oficial deve crescer 2,3%, mas o número não reflete a realidade do setor, segundo Vaz. "Todo dia a gente lê nos jornais sobre a empolgação dos produtores de álcool, sobre a grande venda de carros bicombustíveis, mas isso não se reflete nos números", destacou o executivo.
O Sindicom levantou dados sobre a oferta de álcool no Brasil e comparou com números sobre as vendas do combustível para chegar à estimativa sobre o volume movimentado no mercado informal. Segundo os cálculos da entidade, a oferta de álcool anidro chega a 7,5 bilhões de litros por ano, enquando o volume adicionado à gasolina não passados 5,9 bilhões de litros. No caso do álcool hidratado, há uma oferta de 5,2 bilhões de litros, contra vendas de 4,4 bilhões.
Vaz reforçou o pleito por medidas fiscais e de fiscalização para combater o mercado ilegal do combustível. Anteontem, a ANP aprovou a adição de corante ao álcool anidro, para impedir que o produto seja vendido como hidratado nos postos, prática conhecida como álcool molhado.
