O consumo de energia elétrica no País registrou desaceleração na taxa de crescimento no mês passado, segundo dados preliminares do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Após registrar índices superiores a 5% no primeiro semestre, o aumento registrado em julho, ficou em 2,34% em relação a igual mês de 2004.

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A média diária atingiu 43.757 MW médios, o que é o menor patamar contabilizado pelo ONS desde agosto do ano passado, quando somou 43.528 MW médios. O ritmo de julho é inferior em 7,5% em relação ao registrado em março, quando o País contabilizou recorde absoluto no consumo de energia elétrica, atingindo a média de 47.319 MW médios.

Em janeiro, a taxa de crescimento, em relação a igual período do ano passado, registrou taxa de 7,1%, de 7,09% em fevereiro (em relação a fevereiro de 2004), de 6,86% em março, 7,31% em abril, 4,93% em maio e 5,18% em junho.

A forte desaceleração de julho está em linha com a redução das atividades de alguns segmentos econômicos fortemente intensivos em energia elétrica, como é o caso da siderurgia. Dados do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) apontam que a produção de aço no País registrou queda de 9,1% no mês de junho, em relação a igual período de 2004.

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A produção de aço somou apenas 2,5 milhões de toneladas em junho deste ano ante os 2,75 milhões em junho de 2004. Na avaliação de técnicos do setor, porém, além da redução no consumo pelo setor industrial, a queda na temperatura nas regiões Sul e Sudeste também contribuiu para um menor consumo.

O ONS continua despachando poucas usinas térmicas para a geração de energia elétrica. As grandes hidrelétricas, inclusive Itaipu, responderam por 93% do consumo nacional do mês passado, enquanto as usinas térmicas movidas a gás natural e a carvão participaram com menos de 5% do total. O restante foi suprido pelas duas usinas nucleares em operação no Brasil. Como tem havido equilíbrio nos quatro sub-mercados quase não tem havido transferência de grandes blocos entre os mercados.

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O ONS transferiu cerca de 356 MW médios do Sudeste para o Nordeste no mês passado e cerca de 84 MW do Sul para o Sudeste. Até março, o ONS transferiu mais de 3.000 MW do Sudeste para o Sul para minorar os problemas da seca que atingia a região.

Os dados do ONS mostram que os reservatórios das grandes hidrelétricas continuam em situação confortável e praticamente no mesmo nível observado em igual período do ano passado, o que sinaliza folga na oferta de energia para os próximos dois anos, mesmo se houver seca.

Segundo o ONS, a taxa de ocupação dos reservatórios do Sudeste no final do mês passado estava em 78,25% da capacidade máxima, o que indica queda de 2,25 pontos percentuais em relação ao final de julho de 2004, um dos melhores patamares registrados no País nos últimos anos. O nível de julho indica uma folga de 30,25 pontos percentuais acima da curva de aversão ao risco, definida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Na região Sul, os reservatórios estavam em 90,65% da capacidade máxima, situando-se 4,07 pontos percentuais acima do registrado no final de julho de 2004. Em relação à curva de aversão ao risco, isso indica uma folga de 60,65 pontos percentuais, graças as chuvas abundantes registradas na região nos últimos três meses.

No Nordeste, os reservatórios estavam em 84,36% da capacidade máxima, situando-se 4,03 pontos acima do registrado em igual período de 2004. A folga em relação à curva de aversão ao risco era de 49,62 pontos percentuais.