O candidato do PT ao governo do Ceará, José Airton Cirilo, está preocupando os tucanos cearenses. No início desta semana, o candidato do PSDB, Lúcio Alcântara; o ex-governador Tasso Jereissati, que disputa uma vaga no Senado, e o atual governador do Ceará, Beni Veras, se reuniram para avaliar a sucessão estadual.
Decidiram ligar o alerta. Apesar das últimas pesquisas de opinião indicarem vitória de Lúcio no primeiro turno, a candidatura do petista foi a que mais cresceu desde o início do programa eleitoral gratuito no rádio e na tevê. José Airton largou em quarto e agora disputa o segundo lugar com Sérgio Machado (PMDB).
Para deslanchar, José Airton, engenheiro civil, que por duas vezes foi prefeito de Icapuí (município localizado no litoral leste do Estado), tem abusado de um recurso simples, barato e eficiente: colou sua imagem a do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as intenções de voto para a Presidência da República. O slogan ?Lula, lá e José Airton, cá? adorna cartazes, santinhos, adesivos, outdoors e é o refrão do jingle de campanha. Nos programas de televisão, Lula pede votos para Airton, que, assim como o presidenciável do PT, adotou um ar ?light?, sem ataques ofensivos aos outros candidatos.
Coincidentemente, dois dias após o encontro de Tasso, Lúcio e Beni, denúncias contra José Airton começaram a aparecer na imprensa cearense.
Elas partiram do vereador Eduardo Rebouças, do PPS, partido que mantém aliança branca com os tucanos no Ceará. De acordo com Rebouças, José Airton estaria morando numa casa que pertence à empresa KVA, que prestou serviços à prefeitura de Icapuí na época em que o petista era prefeito de lá. Ainda segundo o vereador do PPS, José Airton teria agredido fisicamente algumas mulheres, além de ter sumido com um barco-escola da prefeitura. As denúncias foram encaminhadas ao Ministério Público.
José Airton se defende. Diz que as acusações são ?levianas? e ?infundadas? e só foram colocadas porque está ameaçando a ?hegemonia? tucana. Na quarta-feira, ele entrou com uma representação criminal contra Eduardo Rebouças.
Nos comícios, os tucanos, no entanto, não demonstram nenhuma preocupação com o petista. Nos discursos, os alvos continuam sendo os ex-aliados de Tasso, Sérgio Machado e o candidato do PPS, deputado Welington Landim, que foi líder de Tasso durante bom tempo na Assembléia estadual. Para eles, o ex-governador reserva as palavras mais duras. “Conheço todos. Cresceram na política nas minhas costas. Eu os conheço muito bem e sei porque são candidatos e para quê são candidatos”, insinua Tasso.