À medida que avançam as investigações sobre as causas do choque entre o Legacy da Excel Aire e o Boeing da Gol, cresce a certeza de que operadores do Centro de Controle do Tráfego Aéreo de Brasília têm parcela maior de responsabilidade no acidente do que tem sido atribuído a eles até agora.
Na semana que vem, eles vão depor na Polícia Federal. Foram intimados pelo delegado da PF, Renato Sayão, que já conversou com eles informalmente e agora quer interrogá-los oficialmente.
Os oito militares da equipe do momento do acidente foram afastados de suas funções pela Aeronáutica no dia da tragédia, 29 de setembro. Esse procedimento é considerado de rotina em ocasiões pós-stress.
O afastamento foi confirmado pelo presidente do Sindicato dos Controladores de Vôo, Jorge Botelho. A Aeronáutica, porém, apenas ressalva que é praxe eles serem submetidos a exames médicos e psicológicos sempre que ocorrem acidentes.
Todos estão sob acompanhamento psicológico, mas quatro foram mais fortemente abalados emocionalmente. Seus nomes estão sendo guardados a sete chaves, com o intuito de protegê-los até mesmo de possíveis agressores, que possam apontá-los como responsáveis pelas morte de seus parentes. Os controladores também estão sendo apoiados por dois portugueses da Federação Internacional das Associações dos Controladores de Tráfego Aéreo.
A cautela é tanta que o Comando da Aeronáutica só concordou em passar dados para a PF após obter de Sayão o compromisso de manter o inquérito sob sigilo. Até então ele vinha sendo conduzido sem segredo de Justiça. Depois, ganhou a tarja de ‘sigiloso’, sob alegação de que se trata de investigação de natureza militar e interesse da segurança nacional.
Sayão quer identificar mais especificamente os dois militares que estavam à frente dos radares no instante da tragédia. O delegado passará o fim de semana analisando depoimentos dos pilotos do Legacy. Para ele, ainda há muitas perguntas que precisam ser respondidas.