A queda dos juros nos últimos meses não reduziu a atratividade do setor bancário e os bancos vêm despontando na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) como um dos mais atraentes nos últimos meses, aos olhos do investidor. Com isso, os papéis dos grandes bancos brasileiros já ultrapassaram os negócios com ações de telecomunicações, que durante muitos anos dominaram os pregões nacionais. O Bradesco, por exemplo, só perde para o volume de negócios com Petrobras e Vale do Rio Doce, movimentando mais do que o dobro em relação à Telemar, que há poucos anos era a principal estrela da Bovespa.
Além do Bradesco, o Itaú movimenta mais do que os papéis da Telemar desde o ano passado e em maio os papéis de outros bancos – Banco do Brasil e Unibanco – também registraram volume de negócios superior ao da empresa de telecomunicações. O giro financeiro com as ações do BB, por exemplo, quase dobrou de abril para maio, ultrapassando a marca histórica de R$ 1 bilhão. Já as negociações com os papéis do Unibanco cresceram 38% no mês passado.
O analista de bancos da Ágora Corretora, Alexandre Ulm, justifica o crescimento dos negócios, lembrando que poucas empresas brasileiras têm valor de mercado ao redor dos R$ 100 bilhões, como o Bradesco e o Itaú, o que só ocorre com Petrobras e a Companhia Vale do Rio Doce. O valor da Tele Norte Leste Participações, holding do grupo Telemar, está em torno de R$ 14 bilhões, conforme dados da Economática. "Os bancos ganharam porte e isso acabou gerando um volume maior de negócios", explicou Ulm. Segundo ele, a expansão do crédito mais do que compensa a trajetória de queda dos juros. A expectativa é de que os ativos de crédito este ano cresçam de 20% a 25%.
Com o grande volume de negócios com papéis de bancos e o "esfriamento" com negociação com títulos das empresas de telecomunicações, houve uma inversão na participação no Índice Bovespa. Em 2004, as companhias de telefonia representavam quase 17% do volume do pregão paulista, enquanto o ramo financeiro correspondia por apenas 8,8%. Hoje, o cenário é bem diferente. Os negócios com as ações dos bancos somam 12%, enquanto os papéis de telecomunicações respondem por 6,3% do Ibovespa.
