Brasília – O volume de recursos do crédito rural liberado nos meses de julho e agosto deste ano, para custeio e comercialização, aumentou 38% em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo R$ 7,31 bilhões. Na avaliação do coordenador-geral de Análise Econômica da Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcelo Fernandes Guimarães, os números registrados nas operações do crédito rural nos dois primeiros meses da atual safra reforçam a tendência favorável que tem sido observada desde meados da safra anterior. ?Sem dúvida está havendo um reaquecimento nas contratações de crédito rural?, observa.

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De acordo com Guimarães, houve um crescimento maior nas operações com juros controlados em todo o País, da ordem de 42%, mas a liberação de recursos a juros livres também aumentou 17% nos meses de julho e agosto em comparação ao mesmo período do ano passado. Entre os recursos com juros controlados, o maior crescimento foi no desembolso das operações com recursos das exigibilidades, que aumentaram 73%.

Isso ocorre, segundo explicou o coordenador, em razão da estabilidade monetária e da redução de juros que favorecem o aumento dos depósitos à vista. Além disso, o crescimento na aplicação do crédito rural pode também ser atribuído à própria redução de cerca de 23% na taxa de juros controlada do crédito rural a partir dessa safra. Os juros, que desde a safra 1998/1999 eram de 8,75%, passaram para 6,75% ao ano na safra 2007/2008. A taxa de juros do Programa de Geração de Emprego e Renda Rural (Proger Rural) também foi reduzida e passou de 8% para 6,25% ao ano.

Ainda segundo o coordenador, os números de agosto afastam a preocupação de que o problema do endividamento rural pudesse dificultar a contratação de crédito pelos produtores. ?Havia uma sensação de que o problema do endividamento no setor estava obstruindo os canais formais do crédito rural, mas a aplicação de recursos nesses dois primeiros meses mostra que com as medidas de prorrogação implementadas, a situação vai se normalizando?, avalia Marcelo Guimarães.

Proger Rural

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O Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger Rural) foi revitalizado nesta safra. Com o intuito em dar maior amparo aos produtores foram introduzidas mudanças como a redução dos juros e o aumento de R$ 100 mil para R$ 220 mil no limite de renda para fins de enquadramento no Programa. Desta forma, Guimarães considera que o crescimento de 39%, das operações registradas em julho e em agosto deste ano, em relação à safra passada, tem potencial de crescimento ainda maior.

Investimento

A aplicação de recursos do crédito rural para investimento também cresceu nos dois primeiros meses da safra 2007/2008. Segundo o levantamento feito pelo Mapa, houve uma liberação de recursos 30% maior em julho e agosto deste ano em relação ao mesmo período de 2006. O maior impulso foi no desembolso observado nos programas de financiamento com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que registraram um incremento de 41% em julho e agosto de 2007 em relação a igual período do ano passado.

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O crescimento foi impulsionado sobretudo pelo Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), cuja aplicação em julho e agosto aumentou 85% em relação ao acumulado nos dois meses em 2006. O Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas (Propflora) também registrou um crescimento significativo, da ordem de 72%.

Segundo Marcelo Guimarães, a equipe técnica do Mapa está otimista com o desempenho das operações do crédito rural nesta safra. ?Tendo em vista a prorrogação do endividamento, os trabalhos visando à reestruturação do estoque da dívida rural e as boas perspectivas do mercado, há um grande potencial para o crescimento da contratação de recursos do crédito rural nesta safra?, afirma.