Crédito florestal

Está sobrando dinheiro para financiar projetos de recomposição de florestas, segundo o Ministério do Meio Ambiente. O biênio 2004/5 contava com recursos da ordem de R$ 50 milhões, mas o total liberado chegou apenas a R$ 48 milhões. O governo oferece duas linhas de crédito para o setor: Programa de Plantio Comercial de Florestas (Popflora) e Programa Nacional de Florestas (Pronaf Florestal).

O Pronaf Florestal é específico para atendimento do agricultor familiar, cujo total a aplicar é de R$ 8,19 milhões. Também nessa linha não houve demanda para todo o crédito disponível.

A explicação do Ministério do Meio Ambiente, dada pelo diretor de Florestas, Tasso Azevedo, associa a reduzida procura por financiamento para projetos de reposição florestal ao fato de os programas não serem ainda suficientemente conhecidos.

Houve também diminuição na participação de empresas privadas no processo de produção florestal. Em 1992 elas foram responsáveis por 93% do plantio de florestas, sendo o restante executado por pequenos produtores. Em 2004, a participação dos pequenos chegou a 14% e a das empresas caiu para 86%.

O setor é representado pela Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), e o presidente Carlos Aguiar admite que o menor interesse se deveu à pesada burocracia governamental. Realidade mais adversa são as elevadas taxas de juros, força contrária à intenção de pequenos e médios reflorestadores.

Plantar um hectare de floresta custa US$ 1 mil, mas a demanda somente será suprida com o dobro da área atual de florestas plantadas, tendo em vista que toda a produção prevista está demandada.

De acordo com números admitidos pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil detém uma área de 5,5 milhões de hectares cobertos com florestas, dos quais apenas 1% corresponde a florestas nativas.

Mais que ofertar recursos, e a medida é elogiável do ponto de vista do presidente da Abraf, o governo deve empenhar-se em criar no produtor a mentalidade de plantar florestas. Na verdade, o produtor prefere plantios de resultado imediato, ao passo que uma árvore leva até dez anos para chegar ao ponto de uso.

Essa é uma limitação que o Ministério do Meio Ambiente precisa trabalhar com método e convincentes instrumentos de compensação.

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