Crédito e empregos

Que o Brasil precisa de crédito não há dúvida. Tanto é que vai buscá-lo no exterior, a juros altos, seja em bancos privados ou em organismos internacionais de financiamento. E busca esse dinheiro não só para financiar seus déficits ou aplicar em seu desenvolvimento, mas também, senão principalmente, para rolar as dívidas vincendas que não podemos pagar.

Delfim Neto, quando ministro, já dizia que dívidas a gente não paga. Rola! Empurra com a barriga. O que o atual governo está fazendo é procurar economizar ao máximo, aumentando o superávit primário, para reduzir esse endividamento. Enquanto tem algum sucesso nesse difícil mister, vai aumentando a dívida social, cujo parâmetro mais visível e aflitivo é o crescente desemprego.

O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, acaba de revelar que pelo quinto mês consecutivo, ou seja, em todo o governo Lula, o desemprego só aumentou. Em maio foi de 12,8% da força de trabalho, contra 12,4% no mês anterior. Acrescente-se a esse percentual, ainda, o chamado desemprego oculto, ou seja, aquele que não aparece porque o desempregado, já tendo desistido de procurar um posto de trabalho, vai quebrando o galho com funções como lavar carros na rua, guardá-los enquanto seu dono se afasta ou outras funções que lhe dão um mínimo para não morrer de fome. Esse desemprego oculto eleva o desemprego geral a mais de 20%. Nos mês passado já estava em 20,6%. Acrescente-se, ainda, o desemprego daqueles jovens que nunca adentraram ao mercado de trabalho. Que estão procurando e não conseguindo o primeiro emprego. Ainda das mulheres que, pelas condições financeiras da família, são obrigados a largar as funções domésticas para procurar trabalho fora de casa, colaborando com seus maridos que eram os únicos provedores. Esta situação mais ocorre, hoje, porque há um enorme achatamento salarial, não reposto nos acordos coletivos de trabalho porque há mais oferta de mão de obra do que de empregos. Agrava-se, também, pela rotação de mão de obra. Muitos empregadores, à falta de crédito a juros aceitáveis e com o encolhimento do mercado de seus produtos, estão reduzindo suas atividades. E, muitas vezes, o fazem demitindo funcionários para contratar outros com salários menores.

Como a grita contra esta situação hoje é geral, o governo está tomando algumas providências que são necessárias, mas parecem homeopáticas diante da situação. E há economistas respeitáveis que as consideram incapazes de minorar o problema tanto dos juros altos, como do desemprego, que é um de seus efeitos colaterais.

Anuncia um programa de primeiro emprego. Se conseguir, com estímulos, introduzir no mercado de trabalho jovens que nunca trabalharam, o que seria uma boa medida, paradoxalmente vai dificultar ainda mais o reemprego dos trabalhadores que perderam seus postos de trabalho.

Também anuncia o governo medidas para permitir às pessoas de baixa renda ter contas bancárias simplificadas e ainda créditos, ou melhor, microcréditos, a juros bem baixos. Uma excelente idéia, se bem que com a estrutura do nosso sistema financeiro, é duvidoso que seja aplicável. Existirá um custo que talvez os bancos não queiram arcar. Ou não possam arcar. No mais, este é um gigantesco país com gigantescos problemas e enquanto o governo socorrer apenas os pequenos, deixando sem assistência os grandes empregadores, poderá estar dando com uma mão e tirando com a outra.

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