O Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) do Paraná vai investigar as causas do desabamento parcial da ponte sobre a represa Capivari-Cachoeira, que resultou na morte de uma pessoa e deixou três feridos. Segundo o superintendente Celso Roberto Ritter, por se tratar de uma obra de engenharia, é necessário apurar se os aspectos técnicos da construção foram atendidos. Ele já se reuniu com os conselheiros, em Curitiba, para discutir a linha de apuração.
Denúncias de usuários de que a estrutura da ponte apresentava problemas serão investigadas. Ritter considerou ter havido omissão dos responsáveis pela conservação da estrada na limpeza dos drenos no aterro das cabeceiras. "A água não poderia acumular ali da forma como ocorreu."
Os engenheiros pretendem discutir a reforma realizada em 1999, depois de pelo menos 10 anos de interdição, e se a ponte era adequada para o volume do tráfego. A interdição teria ocorrido por problemas na estrutura. O acidente também deve ser investigado pelo Ministério Público Federal. O deputado estadual Domingos Scarpellini (PSB) protocola amanhã uma representação na Procuradoria da República de Curitiba. Ele alega que há duas semanas encaminhou ofício ao Ministério dos Transportes denunciando o afundamento na cabeceira da ponte. Na quarta-feira, um dia depois do acidente, recebeu ofício informando que sua queixa tinha sido repassada ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura Viária (DNIT). "O papel só trocou de gaveta", reclamou.
O coordenador do DNIT no Paraná, Rosalvo De Bueno Gizzi, disse que o acidente não era previsível. "Só se tivéssemos bola de cristal." Gizzi admitiu que havia um "rebaixo" na cabeceira da ponte, corrigido há cerca de dez dias com a colocação de massa asfáltica. "Isso não interfere na estrutura, apenas dá mais comodidade para o usuário." Ele reafirmou que os pilares da cabeceira cederam por causa do deslizamento da terra, provocado pelo excesso de chuva. Na queda, arrastaram uma parte da estrutura.
"Nunca choveu tanto assim, aqui, não tinha como prever." A versão foi confirmada pelo engenheiro Eduardo Calheiros. Segundo ele, a ponte fora interditada para ser reforçada. "Com o reforço, ficou compatível com a carga de tráfego." Houve divergência entre os técnicos sobre a "idade" da ponte. Enquanto Gizzi assegurava que a construção data de 1982, Calheiros insistia que era da década de 60. "De 82, é a que está em pé", assegurou. Segundo ele, a idade não tem tanta relevância. "De uma ponte como estas, espera-se que dure mais de 100 anos."