O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção nos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), disse hoje que as atividades de investigações da comissão serão dividas em três eixos: questões fiscais e tributárias, sistema financeiro e análise de contratos.
Segundo ele, caberá ao relator da CPMI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), definir os nomes dos parlamentares que coordenarão cada um desses temas. A reunião que Amaral teria hoje, às 15 horas, com o presidente do Banco Central, Henrique Meireles, foi transferida para amanhã, às 11h30. A votação de requerimentos impediu que o senador deixasse o Congresso para encontrar Meireles.
A CPMI aprovou hoje 42 requerimentos, entre eles a reconvocação do empresário mineiro Marcos Valério de Souza. A data ainda não foi marcada. Na semana que vem, serão ouvidos os dirigentes licenciados do PT Silvio Pereira e Delúbio Soares, na terça e na quarta-feira, respectivamente. A SMP&B, uma das empresárias em que Valério é sócio, tem contrato com os Correios. Ele é apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como um dos operadores do suposto esquema de pagamento de ?mensalão? à parlamentares.
Depois de votados os requerimentos que eram consenso entre todos os partidos, a oposição tentou priorizar a apreciação de requerimentos que estavam na pauta mas que não foram acordados, por meio do encaminhamento de um requerimento de preferência de votação. Colocado em votação por Delcídio Amaral, o requerimento de preferência foi derrubado por 15 votos a 10.
Entre esses requerimentos, constavam a votação da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do ex-presidente do PT, José Genoíno, do deputado José Dirceu (PT-SP) e dos dirigentes petistas licenciados Delúbio Soares e Silvio Pereira. Os governistas argumentaram que a votação não era necessária, uma vez que os quatro haviam disponibilizado à comissão os seus sigilos espontaneamente. A oposição alegava querer garantir que a disponibilização dos documentos não pudesse sofrer qualquer retrocesso.
O deputado Maurício Rands (PT-PE) destacou que, além dos ex-dirigentes petistas e do deputado José Dirceu, o próprio PT colocou os seus sigilos à disposição da CPMI. "O PT foi o único partido que apresentou espontaneamente a quebra do sigilo partidário e que aprovou a convocação de seus ex-dirigentes". O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) argumentou que a não votação dos requerimentos de quebra de sigilos retirava "o poder coercitivo da CPMI", o que poderá abrir, no futuro, margem a questionamentos.
O presidente da comissão informou que a autorização da quebra do sigilo partidário, pelo PT, será encaminhada nesta sexta-feira ao Banco Central. Ainda hoje, Delcídio Amaral pretende fazer um levantamento dos ofícios de pedidos de quebra de sigilos bancários já encaminhados ao Banco Central. "É com base nos documentos que ainda não chegaram que pautarei a minha conversa com o Henrique Meireles", afirmou o senador.