Agora não há mais nenhum empecilho à reforma ministerial tantas vezes postergada pelo presidente Lula. Supõem os analistas que essa seja a primeira providência a ser tomada depois da viagem à Coréia e Japão. A implantação da CPMI dos Correios, em mais uma faceta da debilidade do governo no Congresso, é o argumento mais forte para a decisão presidencial.
A coalizão governista, desde a eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara, entrou em processo de decomposição e, na seqüência, tem deixado a desejar em termos de atuação conjunta na aprovação das propostas de governo. Mesmo os congressistas filiados ao PT têm dificuldades para falar a mesma língua, engrossando o caldo de derrotas sucessivas.
O caso da CPMI comprova a reduzida margem de comando exercida pelos líderes do bloco parlamentar aliado, tendo em vista o número surpreendente de assinaturas de deputados e senadores no requerimento da comissão.
É óbvio que muitos congressistas da base não negaram suas assinaturas e, mesmo diante da forte pressão vinda do governo, mantiveram-se favoráveis à investigação do escândalo protagonizado pelo ex-diretor da ECT, e sua desmentida ligação com o deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB.
O quadro político deverá ser reavaliado agora pelo presidente e seus operadores chegados – Dirceu, Rebelo e Mercadante, entre outros – para o encontro da solução mais recomendável, certamente embutida numa radical mexida na composição do ministério. Decerto as 89 assinaturas oriundas da base de sustentação política do governo terão um peso exponencial nas tratativas da semana entrante, cujas novidades prometem esquentar.
Faria muito bem ao presidente Lula aprofundar suas considerações sobre o desgaste de sua administração junto à sociedade. O governo, qualquer que seja, sempre é induzido a pensar e agir com uma exclusividade separada da inerrância por um liame bastante frágil.
Colocar os pés no chão, pensar as feridas e retomar a marcha interrompida pelo sedutor apelo da insensatez, é a única receita indicada para a conjuntura.