A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos vota amanhã requerimento de convocação do caseiro Francenildo Santos Costa que, em entrevista à Agência Estado, desmentiu o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Nildo, como é conhecido o caseiro, disse que Palocci era freqüentador assíduo de uma mansão no Lago Sul, em Brasília, utilizada para a partilha de dinheiro entre ex-assessores de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto, num período de oito meses encerrado no início de 2004. Palocci afirmou na CPI que nunca foi à mansão.
O requerimento de convocação de Nildo foi apresentado pelos senadores Romeu Tuma (PFL-SP) e Álvaro Dias (PSDB-PR). "Temos de ouvir o que o caseiro tem a dizer sobre os acontecimentos nessa mansão", disse Tuma. "O caseiro forneceu na entrevista elementos contundentes sobre a operacionalização do esquema da República de Ribeirão Preto em Brasília", disse Álvaro Dias. Na entrevista, Nildo disse que Palocci era conhecido como o "chefe".
Para Tuma e Dias, o caseiro reforçou o depoimento do motorista Francisco das Chagas Costa. Ele disse à CPI, na semana passada, que Palocci freqüentava a mansão alugada no Lago Sul de Brasília, onde ocorria partilha de dinheiro e festas. Nildo contou que o dinheiro era enviado pelo advogado Rogério Buratti e chegava em pacotes de R$ 100 e R$ 50. Disse ainda que uma vez acompanhou o motorista Francisco Costa ao Ministério da Fazenda, quando foi entregue um pacote de dinheiro a Ademirson Ariovaldo, secretário particular de Palocci.
Por causa da bombástica entrevista do caseiro Nildo ao Estado, a CPI dos Bingos adiou para amanhã a reunião que estava marcada para hoje. É que para a votação de um requerimento exige-se prazo de 24 horas de sua apresentação. Entregues hoje à secretaria da CPI, os requerimentos de Tuma e Dias poderão ser aprovados hoje. "A convocação à CPI é importante para tirar dúvidas sobre a participação do ministro neste esquema, já que além de Rogério Buratti e do motorista Francisco das Chagas, Francenildo seria a terceira pessoa, a testemunhar sobre a participação de Palocci", disse Álvaro Dias.
Também amanhã a CPI dos Bingos vai votar requerimento de quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico da empresa Red Star, de propriedade do presidente do Sebrae, Paulo Okamoto. Este, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teria pago uma dívida de R$ 29.436,26 do presidente junto ao PT. José Jorge suspeita que a Red Star fez a intermediação financeira entre as contribuições colhidas por Paulo Okamoto, quando tesoureiro petista, e as campanhas eleitorais do PT. O Supremo Tribunal Federal (STF) impediu a quebra dos sigilos de Paulo Okamoto. A oposição, agora, tenta outro caminho, as contas da Red Star.