Chegou a vez dos tucanos na CPI dos Correios. Relatório parcial do sub-relator de contratos da Comissão, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), vai propor o indiciamento dos ex-presidentes e ex-diretores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) desde 2000. Esta é a primeira vez que a CPI dos Correios faz relatório parcial, que será apresentado amanhã (22), que atinge integrantes do governo de Fernando Henrique Cardozo. Na quinta-feira (24), será a vez do senador Eduardo Azeredo (MG), ex-presidente do PSDB, ver seu nome incluído no relatório parcial de movimentação financeira das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

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Valério fez empréstimo para financiar a campanha à reeleição, em 1998, do então governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo. Apresentado há dez dias, o relatório parcial vai ser alterado para pôr o depoimento de Cláudio Mourão, que foi tesoureiro da campanha de Azeredo, em 1998. Em depoimento à CPI dos Correios, Mourão admitiu que fez caixa 2 na campanha à reeleição do governador, sem o conhecimento do tucano.

No relatório original, o sub-relator Gustavo Fruet (PSDB-PR) não mencionou o episódio de Azeredo. O governo detém, no entanto, maioria na CPI dos Correios e a inclusão do tucano é a maneira encontrada para facilitar a aprovação, na quinta-feira do relatório parcial de Fruet, que considerou "uma farsa" os R$ 55 milhões de empréstimos junto ao BMG e ao Banco Rural obtidos pelas empresas de Valério para financiar o PT e partidos aliados.

Amanhã, Cardozo também vai propor no relatório parcial o indiciamento dos donos da Skymaster, uma das empresas responsáveis pela Rede Postal Noturna (RPN) dos Correios. "A parte mais tortuosa dos contratos da Skymaster com os Correios começou no governo Fernando Henrique", afirmou hoje o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). De acordo com as investigações da Comissão, a companhia aérea teria enviado cerca de R$ 60 milhões para o exterior através de contratos simulados de arrendamento de aviões com duas empresas das Ilhas Virgens Britânicas.

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A CPI detectou que o volume de recursos remetido ao exterior é semelhante ao superfaturamento de R$ 64 milhões apurado pela auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nos contratos fechados entre a Skymaster e os Correios desde junho de 2001 até abril deste ano. No relatório, Cardozo vai apontar ainda que a Skymaster e Beta, outra empresa de transporte aéreo, atuaram em conjunto para fraudar as licitações nos Correios. As duas companhias aéreas manipularam as concorrências e licitações abertas pela ECT para transporte aéreo, revezando-se na conquista dos contratos.

Além da apresentação do relatório parcial de Cardozo, a CPI dos Correios deverá aprovar amanhã requerimento para que o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato deponha novamente. A CPI descobriu que, pelo menos R$ 10 milhões de recursos públicos do Banco do Brasil foram parar no valerioduto, em 2004. Esse dinheiro deveria ter sido usado pela DNA Propaganda, uma das empresas de Valério, na publicidade da empresa de cartões de crédito e débito Visanet. Mas acabou no BMG, um dos bancos que emprestaram recursos para Valério repassar ao PT.

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O contrato de publicidade foi fechado pelo ex-diretor de marketing do BB por determinação, segundo Pizzolato, do ex-ministro chefe da Secretaria de Comunicação do governo Luiz Gushiken. "Vamos ouvir o Pizzolato e, se for necessário, chamaremos novamente para depor o ex-ministro Gushiken", disse hoje Serraglio.