A CPI dos Sanguessugas rejeitou ontem os requerimentos de convocação dos ex-ministros da Saúde Saraiva Felipe e Humberto Costa, do governo Lula, e José Serra, do governo Fernando Henrique. Também não foram votados os pedidos de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de pessoas supostamente envolvidas com a máfia das ambulâncias.
Segundo o presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), foram deixados de lado os requerimentos polêmicos, isto é, sobre os quais não há consenso entre os partidos.
Relatores – A lista de relatores sorteados pelo Conselho de Ética da Câmara, anteontem, tem uma estranha curiosidade: deputados que vão julgar colegas, mas foram alvo das investigações preliminares da CPI dos Sanguessugas.
Josias Quintal (PSB-RJ), por exemplo, além de ter seu nome em planilhas de acompanhamento de projetos apreendidas pela Polícia Federal nos computadores da Planam, a principal empresa do esquema, chegou a ser citado por Luiz Antônio Vedoin como beneficiário do esquema. Mas o empresário corrigiu seu depoimento e inocentou o deputado, que entrou na lista dos 18 absolvidos pela CPI.
Como ocorreu com o próprio presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), o deputado Cláudio Magrão (PPS-SP) teve emendas de sua autoria seguidas de perto pela máfia das ambulâncias. Em seu depoimento à Justiça, Vedoin isentou os dois.
A deputada Ann Pontes (PMDB-PA) está em situação semelhante à de Magrão. O nome dela aparece em listas de emendas, mas Vedoin a incluiu no grupo dos parlamentares cujos projetos acompanhava, mas com os quais não tinha nenhum contato.
Outro relator, o deputado mineiro Márcio Reinaldo Moreira (PP), não apareceu em nenhum documento, mas teve emendas incluídas em um estudo estatístico produzido pela Controladoria-Geral da União (CGU), que fez um levantamento de parlamentares cujas emendas haviam sido executadas por empresas ligadas à máfia.
Reinaldo tinha em seu gabinete um assessor suspeito de ter tido relações com o esquema no passado. O assessor foi demitido e a CPI concluiu que o levantamento da CGU não trazia elementos contra o deputado.