CPI quer provar ingerência de Gushiken nos fundos de pensão

Além de propor o indiciamento do ex-ministro Luiz Gushiken, o relatório final da CPI dos Correios vai mostrar que o atual chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência da República tinha poder para indicar dirigentes para fundos de pensão de estatais, como foi o caso da Petros (entidade de previdência privada dos empregados da Petrobras). Apesar de mostrar ingerência de Gushiken junto a fundos de pensão, o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), vai propor ao Ministério Público o indiciamento de Gushiken por supostas irregularidades nos contratos de publicidade das estatais, que eram supervisionados pelo então chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom).

No relatório, que será apresentado na semana que vem, Gushiken será citado por "tráfico de influência" junto a fundos de pensão de estatais. Sua empresa de consultoria, a Globalprev, também fará parte do relatório. Serão relatados inclusive os problemas detectados em contrato entre a Globalprev e a Petros. Entre as irregularidades, a Comissão descobriu que teriam sido contratados profissionais com menos de quatro anos de experiência no mercado – o que a legislação proíbe – para fazer trabalhos para o fundo de pensão. Também um dos atuários não teria registro profissional, segundo investigações da CPI dos Correios.

Nas cerca de mil páginas do relatório final da Comissão, o ex-ministro Gushiken também vai aparecer como pessoa influente em operações no mercado financeiro feitas por fundos de pensão. Será relatado o depoimento do ex-gerente financeiro da Nucleos Gildásio Amado Filho que, em depoimento à CPI, disse que o fundo de pensão de empregados de empresas da área nuclear investiu em cotas do fundo de investimento CRT, acionista do consórcio que explora a rodovia Rio Teresópolis, por determinação de Gushiken.

A CPI dos Correios investigou 14 fundos de pensão e mais de 30 corretoras. Em uma avaliação preliminar, as investigações detectaram perdas de cerca de R$ 700 milhões por esses fundos. Os campeões em irregularidades, segundo integrantes da Comissão, teriam sido a Prece – fundo de pensão dos empregados da Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae) do Estado do Rio de Janeiro – e o Nucleos. Os ex-dirigentes de ambos os fundos deverão ser enquadrados por gestão fraudulenta. Já os fundos de pensão Previ (dos empregados do Banco do Brasil); Funcef (dos funcionários da Caixa Econômica Federal) e Petros terão um tratamento no relatório da CPI dos Correios que levará em conta a ingerência política do governo federal.

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